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Santander migra dinheiro da poupança para CDBs

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21/03/2012 - 11:34

Não foram poucos os clientes do Santander que, ao receberem seu informe de rendimentos do banco nas últimas semanas, notaram que o dinheiro que imaginavam estar "parado" na conta na virada do ano, na verdade, estava aplicado em um Certificadode Depósito Bancário, CDB.

Lá atrás, a maioria dos bancos decidiu transferir o dinheiro da conta-corrente dos clientes para contas poupança com aplicação e resgate automático. O cliente seguiu movimentando os recursos como se fosse uma conta-corrente, mas na prática o dinheiro estava aplicado em uma caderneta. Agora é a vez de migrar o dinheiro das cadernetas para os depósitos a prazo.

Entre setembro e dezembro, o saldo aplicado em poupanças do Santander caiu de R$ 30,3 bilhões para R$ 23,3 bilhões, uma redução de R$ 7 bilhões. Já as aplicações em CDBs de curto prazo subiram de R$ 24,7 bilhões para R$ 33,9 bilhões entre setembro e dezembro, um crescimento de R$ 9,2 bilhões.



O Valor apurou que o Itaú Unibanco teria feito movimento semelhante no passado, mas os dados do balanço não mostram variações negativas no saldo aplicado em poupança. O banco não respondeu o pedido de entrevista. No Itaú, a mudança teria sido feita para as chamadas operações compromissadas, sem garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Para os clientes do Santander, fica no mínimo o desconforto de não terem sido questionados sobre o interesse na aplicação - ainda que o banco diga que eles foram comunicados.

Mas não muda nada em termos de rendimento, liquidez ou garantia, afirma o Santander. O banco diz que as duas aplicações têm rentabilidade líquida igual, podem ser resgatadas diariamente e são garantidas pelo próprio banco e até o limite de R$ 70 mil pelo FGC. E a movimentação pode ser feita da mesma forma que antes, como se fosse uma conta-corrente tradicional.

Mas para o Santander a diferença entre os instrumentos de captação de recursos é relevante. Para cada R$ 100 que o cliente deposita em uma poupança, as instituições financeiras precisam destinar R$ 65 para crédito imobiliário. Outros R$ 20 ficam depositados no Banco Central (BC) rendendo 6,17% mais TR ao ano (a mesma taxa paga ao aplicador), e mais R$ 10 também ficam no BC, remunerados pela taxa Selic.

Sobram apenas R$ 5 para serem livremente usados pelo banco em outros empréstimos, seja para financiamento imobiliário ou para outras modalidades, normalmente com juros maiores.

Com o CDB o cenário é diferente. Embora o tamanho do depósito compulsório seja parecido, de 32% sobre o total (ante 30% na poupança), ele é todo remunerado pela Selic - embora recentemente o BC tenha determinado que as grandes instituições devem alocar uma parcela desse compulsório na compra de carteiras, depósitos interfinanceiros ou de letras financeiras de bancos menores. Restam, de qualquer forma, 68% para serem usados de forma livre pelo banco.

Procurado para explicar o motivo da decisão de realizar a mudança, o Santander disse, em nota, que os depósitos feitos na ContaMax Poupança (nome comercial do produto) oscilam bastante no curto prazo e geram direcionamento obrigatório para crédito imobiliário. "Na prática, isso provocava um descasamento, com recursos de curto prazo sendo utilizados como funding para operações de longo prazo (créditos imobiliários)."

Não faria sentido, por exemplo, ter de aumentar os financiamentos para habitação por causa de um aumento momentâneo do saldo aplicado na época do pagamento do décimo terceiro.

Segundo o banco, os clientes foram comunicados antecipadamente por meio de "extratos mensais, em avisos ('pop up') no acesso do internet banking e nas operações feitas nos caixas eletrônicos". O Santander disse ainda que "os clientes poderão solicitar o cancelamento da ContaMax CDB a qualquer momento".

Conforme os dados do BC, todas as instituições privadas do país cumprem a exigibilidade de aplicar 65% dos recursos captados na poupança em financiamento imobiliário. Mas o peso da linha habitacional no total da carteira de crédito do Santander, de 7,8%, é maior que o do Itaú, de 4,9% e do Bradesco, de 4,6%.

Procurado, o Banco Central afirmou que "está analisando demandas já registradas em seu sistema de denúncias e reclamações com o propósito de verificar a regularidade ou não do procedimento adotado por algumas instituições financeiras na transferência de investimentos de seus clientes". O BC acrescentou que "a regulação em vigor veda a realização de transferência de investimentos sem a prévia autorização do cliente".


Fonte: Valor Econômico

 

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