O forte balanço do Itaú Unibanco no segundo trimestre, com o maior lucro do sistema financeiro brasileiro, e recorde para o grupo no período, somado ao alto retorno sobre o patrimônio e inadimplência sob controle, fizeram o banco passar a valer mais que seus três principais concorrentes somados. Nesta segunda-feira, 18, o Itaú era avaliado em R$ 385,8 bilhões na B3, enquanto Santander, Banco do Brasil e Bradesco valiam, juntos, R$ 383,7 bilhões, de acordo com levantamento da Coluna.
O Itaú também segue valendo mais que o Nubank, que pelo câmbio desta segunda vale R$ 348 bilhões. O banco digital chegou a subir 15% na sexta-feira, após resultados acima do esperado, com lucro líquido ajustado, em reais, de R$ 3,8 bilhões no segundo trimestre, superando o do Santander (R$ 3,6 bilhões) e no mesmo nível do Banco do Brasil.
A diferença favorável do valor de mercado do Itaú em relação a seus concorrentes começou a se ampliar este mês, justamente quando os grandes bancos divulgaram seus balanços trimestrais.
Nos números, o Santander mostrou desaceleração do crédito maior que seus pares, o que fez o lucro cair na comparação trimestral. O Bradesco deu novos sinais de que o processo de transformação interna continua dando resultados e seu retorno sobre o patrimônio subiu da casa dos 11% há um ano para 14,6% agora. Já o BB veio pior que o esperado, com queda de 60% no lucro e alta de mais de 100% nas provisões, por causa da piora da carteira de crédito do agronegócio.
Mercado foi só elogios
No caso do Itaú, o lucro subiu 14%, para R$ 11,5 bilhões. No mercado, foram só elogios para o balanço, repetindo o que já havia acontecido em trimestres anteriores. Para o analista do UBS BB, Thiago Batista, os números vieram “sólidos”, com lucro um pouco acima do que ele esperava, e boas tendências para a qualidade dos ativos de crédito. Os números foram classificados como “inabaláveis” pelos analistas da Genial Investimentos. “Mais uma vez, o banco demonstrou a capacidade de aumentar sua já alta rentabilidade”, avaliaram os analistas do Citi.
O Itaú conseguiu bater os concorrentes em várias métricas, ressalta uma análise comparativa feita pelo diretor executivo da Peers Consulting + Technology, Tiago Abreu Couto. O banco ficou com a maior margem financeira, maior lucro, maior carteira de crédito e maior índice de Basileia, que mostra a capitalização dos bancos e a capacidade de crescer no crédito. Ao mesmo tempo, teve a menor taxa de inadimplência quando comparada a de Santander, Bradesco e BB.
Nível de eficiência é grande e IA vai ajudar ainda mais
Na visão do CEO da Itaúsa, uma das maiores acionistas do banco, Alfredo Setubal, o Itaú está com nível de eficiência grande, reduzindo custos, aumentando receitas e com lucro maior, ao mesmo tempo em que está conseguindo se adaptar à era digital e à concorrência pesada com as fintechs. “Vamos continuar vendo o nível de eficiência melhorando bastante no Itaú Unibanco nos próximos anos”, disse Setubal em teleconferência. Para Setubal, a inteligência artificial é um caminho para a melhora do índice de eficiência.
“A palavra do jogo é consistência”, disse o CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, a jornalistas na divulgação do balanço. “Estamos conseguindo entregar resultados relevantes e boa rentabilidade sem abrir mão de fazer investimentos relevantes”, completou, citando investimentos em inteligência artificial, em expansão dos negócios e na melhora dos serviços para clientes. O Itaú tem uma área de tecnologia com 18 mil pessoas trabalhando para transferir os softwares do banco para a nuvem, o que vai ajudar a aumentar a eficiência.
Fonte: Estadão - Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Mateus Fagundes