Atenção! Você está utilizando um navegador muito antigo e muitos dos recursos deste site não irão funcionar corretamente.
Atualize para uma versão mais recente. Recomendamos o Google Chrome ou o Mozilla Firefox.

Notícias

Banco Central é acionado para investigar suspeitas de uso de dados sigilosos no câmbio

Facebook
Twitter
Google+
LinkedIn
Pinterest
Enviar por E-mail Imprimir
21/07/2025 - 08:11

O Banco Central do Brasil recebeu neste domingo (20/7) um pedido de providências para identificar os responsáveis por movimentações atípicas no mercado de câmbio divulgadas  em 18 de julho — depois que os Estados Unidos anunciaram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A solicitação parte do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada do partido na Câmara, e aponta possíveis indícios de uso de informação privilegiada por parte de operadores que atuaram antes da divulgação oficial da medida.

 

Informações primeiro veiculadas no Jornal Nacional mostra que houve intensa compra e venda de dólares nas horas que antecederam o anúncio do tarifaço de Trump, o que levantou a hipótese de que agentes econômicos tenham tido acesso prévio a uma informação ainda confidencial. A movimentação gerou lucros expressivos, segundo análises divulgadas por especialistas do setor financeiro e por gestores de fundos internacionais. O gestor da Tolou Capital Management, por exemplo, mencionou lucros de até 50% em poucas horas, sugerindo que houve atuação baseada em conhecimento antecipado da medida americana.

 

O documento enviado ao BC solicita a identificação dos comitentes finais dessas operações, com detalhamento dos valores movimentados, horários das transações, instituições financeiras envolvidas, tipo de operação (à vista ou futura) e os beneficiários econômicos. As operações de interesse são aquelas iguais ou superiores a R$ 500 mil.

 

A petição também menciona a manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU) no Inquérito 4995/DF, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. O inquérito investiga a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro em uma possível tentativa de obstrução de justiça e coação institucional, em articulação com agentes políticos brasileiros e medidas econômicas promovidas por autoridades dos Estados Unidos. A AGU aponta que o aumento das tarifas pode ter feito parte de uma estratégia deliberada para causar crise econômica e pressionar o Poder Judiciário brasileiro.

 

O deputado argumenta que o acesso aos dados dessas operações independe de autorização judicial, já que o BC detém poder de fiscalização administrativa. Além disso, solicita que as informações levantadas sejam compartilhadas com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), o Ministério Público Federal e o Supremo Tribunal Federal, em possível conexão com os elementos já constantes no Inquérito 4995/DF.

 

No mesmo período em que as movimentações no câmbio vieram à tona, a CVM anunciou a renúncia de João Pedro Nascimento à presidência da autarquia. Ele estava no cargo desde 18 de julho de 2022 e deixou a função exatamente três anos depois, em 18 de julho de 2025. A presidência será exercida interinamente pelo diretor mais antigo, Otto Lobo, até a nomeação de um novo titular pela Presidência da República.

 

A AGU também encaminhou à Procuradoria-Geral Federal, órgão que representa judicialmente a CVM, pedido para que sejam adotadas medidas cabíveis de forma prioritária, inclusive em articulação com outras autoridades nacionais. A Advocacia-Geral da União ressalta que o uso ilícito de informações pode gerar não apenas responsabilidade penal, mas também consequências civis e administrativas, especialmente em casos de prejuízo ao mercado e a investidores.

 

Fonte: Correio Braziliense

visualizações