Funcionários, que este mês passam a receber salários pela Caixa, se queixam de não terem o direito de optar por uma conta salário
Depois de reclamarem contra a abertura de contas pela Caixa Econômica Federal (CEF) em cidades distantes do município onde estão lotados, os servidores estaduais se queixam agora de não terem o direito de optar por uma conta salário. O banco estaria obrigando os novos correntistas a abrirem contas correntes, com cobrança futura de cheque especial, cartão de crédito, entre outras tarifas típicos da modalidade bancária.
Cerca de 164 mil servidores públicos do Estado de Goiás começam a receber os salários pela CEF no fim deste mês. O banco assinou contrato com o governo estadual em novembro e vai pagar R$ 470 milhões para assumir o pagamento da folha pelos próximos cinco anos. A gestão era de responsabilidade do Itaú, cujo contrato foi quebrado pelo Estado diante de ressarcimentos. O cadastramento das novas contas teve início no fim de novembro.
Nas últimas semanas, ao procurarem informações sobre as novas contas, alguns servidores foram avisados pelo teleatendimento da Caixa que as contas estariam vinculadas a agências de outros municípios.
Em nota, banco destaca isenção de tarifas
Questionada sobre o direito de os servidores optarem por uma conta salário, a Caixa se limitou a dizer, por meio de uma nota, que "servidores do Estado de Goiás terão, no primeiro ano, 100% de desconto nas tarifas de cesta de serviços da conta, isenção na anuidade de cartão de crédito e redução das taxas do cheque especial".
"Lembramos que é de livre escolha do cliente optar pelo pacote que engloba o CDC e o cheque especial", diz a nota. Sobre a possibilidade de os funcionários do banco induzirem a abertura de contas correntes, entretanto, a Caixa não se pronunciou.
Erro corrigido
A respeito da reclamação de contas vinculadas a outros municípios, a Caixa Econômica Federal disse que houve uma inconsistência nos dados, o que atingiu 3% do total de 164 mil servidores estaduais - ou seja, cerca de 4,9 mil pessoas, mas que o erro já foi corrigido.
Nesta semana, porém, funcionários da Secretaria Estadual da Educação de Catalão, no Sudeste do Estado, afirmam não conseguirem abrir uma conta salário nas agências do município.
A servidora Juliane Galdino relata que foi chamada até uma agência da Caixa no último fim de semana e lhe foi sugerida como opção apenas a abertura de uma conta corrente. Apesar das tarifas terem sido suspendidas por um ano, o servidor estaria sem chance de abrir a conta salário.
"Tentei abrir apenas uma conta salário e me disseram que não poderia, e que as tarifas da conta corrente seriam isentas por um ano. Tivemos que assinar, porque o pagamento de dezembro já será depositado nessa conta", explica a servidora.
O presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos Estaduais, Thiago Vilar, diz que o caso não é isolado. Segundo ele, mais de 40 servidores do interior teriam reclamado sobre a prática do banco. "No próximo ano, tem início a lei da portabilidade. A Caixa está correndo contra o tempo", analisa.
A lei da portabilidade bancária permitirá ao correntista poder fazer suas operações (ligadas à conta salário e empréstimo consignado) em bancos de sua escolha e não apenas na instituição em que é cliente. Thiago antecipa que o sindicato vai se reunir com a Caixa para tratar dessas questões.
"Vamos informar o servidor estadual de todos os procedimentos que devem ser adotados pelo site do sindicato", afirma.
Fonte: Jornal O Popular