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Sob Basileia, bancos deixam negócios, aponta pesquisa

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02/12/2014 - 09:42

As mudanças impostas pelas regras mais exigentes de Basileia 3 têm feito os bancos repensarem o modo de atuar. Pesquisa conduzida pela Ernst & Young (EY) em parceria com o Institute of International Finance (IIF) aponta que 43% da instituições financeiras do mundo estão abandonando algumas linhas de negócios e 11% estão saindo de certas regiões, em resposta à necessidade de adequação de liquidez e de capital.

A pesquisa foi feita de janeiro a abril de 2014 com executivos de 52 instituições financeiras de 27 países. Na América Latina, foram cinco respondentes, incluindo o Itaú Unibanco.

Sócio da Ernst & Young, Pedro Subtil, conta que a pesquisa mostrou, sobretudo, que as instituições financeiras têm enfrentado um desafio grande para incorporar os novos parâmetros de Basileia e de gestão de riscos no dia a dia e assim criar uma cultura e uma conduta para mitigar riscos.

"Basileia 3 não é só uma questão de ter mais capital e mais liquidez. Ela tem, de fato, levado a repensar os negócios", diz Subtil, que acompanha esse processo em grandes instituições brasileiras.

Uma das implicações dessas mudanças é o fechamento de unidades em regiões pouco rentáveis. Um exemplo recente veio do Citi, que anunciou, no início de outubro, o encerramento das suas operações de varejo em 11 países. O banco não relacionou a decisão diretamente com Basileia 3, mas destacou, na ocasião, que iria privilegiar e alocar recursos em franquias com maior escala e oportunidade de crescimento. Na pesquisa, 11% dos bancos disseram que estão saindo de algumas economias.

Além de avaliarem deixar regiões de atuação para se enquadrar aos requerimentos, 83% das instituições entrevistadas também estão revisando portfólios e 43% encerrando algumas linhas de negócios.

Também há uma movimentação em torno da reestruturação legal das empresas que compõem os grandes conglomerados financeiros. Um total de 38% das instituições disseram estar encarando essa situação, o que na prática significa ajustar as entidades legais que compõem uma holding de forma que não consumam tanto capital do ponto de vista regulatório. "Isso pode ser feito ao integrar ou vender unidades, rearrumando a lógica da holding, fazendo consolidações ou diminuindo a participação de controle", lista Subtil.

Um movimento do tipo foi observado no Bradesco, que anunciou no fim de outubro que fará uma realocação de capital de empresas seguradoras para companhias financeiras da holding seguradora. Com esse arranjo legal, o banco consegue mais folga no capital principal. Hoje em 12,6%, o impacto positivo será de 1,4 ponto percentual.

A preocupação dos bancos também se apoia no novo cenário de lucratividade. Uma parcela de 65% dos executivos da pesquisa acreditam que a combinação de mudanças de capital e liquidez terão impacto significativo na rentabilidade dos negócios. Por isso, os bancos estão explorando maneiras de reduzir custos e citam, entre as iniciativas, projetos que visam diminuir gastos de compensação e com funcionários.

Há também uma preocupação com a rentabilidade. Metade dos bancos entrevistados prevê um retorno sobre o patrimônio líquido entre 10% e 15%. Antes da crise, e das novas regras de Basileia, 70% dos bancos esperavam retornos de mais de 15%.

Apesar de se julgarem preparados para adotar o arcabouço requerido por Basileia 3, o impacto desse processo ainda é visto como um desafio para todas as instituições. Além das pressão dos reguladores, os bancos ainda se deparam com a demanda de retorno dos investidores que querem um retorno extra para comprar títulos de dívida subordinada. Pelas novas regras, são eles que têm que absorver perdas das instituições em caso de quebra.

Para Subtil, no Brasil os grandes bancos parecem estar caminhando com mais tranquilidade, mas é possível que as instituições de menor porte tenham que fazer um esforço extra para se blindar do efeito colateral trazido pela nova regulamentação.

Fonte: Valor Econômico

 

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