Dois foram presos ontem com armamento pesado. Equipe goiana viajou para verificar relação entre casos
Duas pessoas foram presas ontem em operação da Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo com armamento pesado, inclusive com munição ponto 50, a mesma utilizada pela quadrilha que organizou uma emboscada e roubou três carros-fortes da Federal Vigilância e Transporte de Valores Ltda, matando três vigilantes, na tarde de segunda-feira, no quilômetro 647 da BR-153, em Morrinhos.
Os dois teriam sido presos quando iam de Minas Gerais para São Paulo. Além do armamento e da munição, foram encontrados capuzes e máscaras com eles. Uma equipe do Grupo de Investigação de Assaltos a Banco da Deic (GAB/Deic) goiana foi ontem para São Paulo para investigar se os dois teriam ligação com o caso. Não foi divulgado em que local a dupla teria sido presa.
Veículos
Além disso, a polícia esclareceu que os quatro veículos usados pela organização criminosa não possuem registro de roubo ou de furto. “Podem ser clonados, mas isso só a perícia vai dizer. O caminhão da frente, o vermelho, que fechou os carros-fortes e onde estava a metralhadora calibre ponto 50 foi preparado com chapas de aço para os assaltantes ficarem protegidos durante a ação”, contou o delegado-chefe do GAB/DEIC, Alex Nicolau Nascimento Vasconcelos.
As caminhonetes Hillux e L-200 usadas na fuga dos 10 assaltantes foram abandonadas ainda na tarde de segunda-feira, momentos após o roubo, em um canavial a 25 quilômetros do local, no município de Buriti Alegre. “Tudo indica que os assaltantes fugiram para Minas Gerais”, disse o delegado.
Os dois caminhões foram levados para o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Itumbiara, onde seriam periciados. Ao contrário do que foi informado pela polícia na segunda-feira, não havia ocorrência de furto dos caminhões. Quem os conduziam eram integrantes da organização criminosa.
As caminhonetes foram trazidas para Goiânia, onde foram periciadas. O laudo ainda não foi divulgado. Dentro de uma das caminhonetes a Polícia Civil encontrou um pacote grande de explosivo, igual ao deixado na rodovia e dentro de um dos carros-fortes explodido pelos assaltantes. O explosivo foi retirado pela Companhia de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar e explodido. “Eram emulsões explosivas iguais a usadas para explodir caixas eletrônicos”, contou Alex Vasconcelos.
Ineditismo
O chefe do GAB/Deic disse que assalto com esse grau de violência e ousadia foi observado pela primeira vez no País. Geralmente, segundo eles, as organizações criminosas não matam os seguranças. Segundo ele, só foi registrado um caso parecido em São Paulo, com caminhões bloqueando a pista para o cometimento do assalto.
Lá, segundo ele, os seguranças foram poupados, mas um policial rodoviário estadual acabou morto em troca de tiros com os assaltantes. “A forma de explodir e o jeito de abordar foram parecidos”, disse.
Alex Vasconcelos revelou que os Grupos Antirroubo a Bancos dos estados formam uma rede de informações sobre grupos criminosos em ação em todo o País. Todos já foram avisados das características desta ação em Goiás. Ainda não se tem notícia dos assaltantes, mas algumas organizações criminosas já são monitoradas pela Polícia Civil.
Ele disse que não descarta a participação de seguranças no repasse de informações para os assaltantes nem mesmo que eles façam parte de organizações criminosas conhecidas como por exemplo, o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Não temos nada que nos ligue a essas organizações, mas não vamos descartar nada”.
O delegado não vê possibilidade dos assaltantes terem feito seguranças reféns na ação de segunda-feira como foi noticiado inicialmente pela Polícia Civil.
Um vídeo que foi divulgado nas redes sociais por pessoas que passavam pela rodovia na hora do assalto mostram a fuga dos ladrões nas duas caminhonetes e mesmo sem muita definição, nota-se que apenas os assaltantes estão nos veículos. O que há, segundo o delegado, é a informação de que alguns seguranças correram para o meio do mato na hora do confronto com os assaltantes, depois de terem três colegas mortos a tiros.
A diferença de munição entre as partes - assaltantes e seguranças - tornou o confronto desigual, segundo Alex Vasconcelos. Os assaltantes tinham uma metralhadora portátil ponto 50, que é de uso exclusivo do Exército e perfura blindagem de carros, além de fuzis de calibre 762 e 556, de uso exclusivo de forças táticas das polícias e Forças Armadas. Por lei, os seguranças podem portar espingardas calibre 12 e pistolas e revólveres calibre 38 e 380. “Com esse armamento não tem como revidar a ação”, disse.
Outro vídeo divulgado nas redes sociais mostra populares saqueando o carro-forte, onde parte do dinheiro ficou espalhado após a explosão, ao lado dos corpos dos seguranças A empresa e a polícia não informaram a quantidade de malotes levados.
Fonte: Jornal O Popular