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Relatório trimestral: BC destaca inflação em alta e PIB em baixa

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27/06/2014 - 09:26

Banco Central baixa para 1,6% previsão para o crescimento da economia brasileira e vê até 46% de chance de inflação estourar teto da meta este ano

Inflação em alta beirando perigosamente o teto da meta, tombo nos investimentos, recuo da indústria e crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. O cenário não poderia ser mais negativo neste ano de eleições, mas foi essa a fotografia atual da economia brasileira do último ano de governo da presidente Dilma Rousseff apresentada ontem pelo próprio Banco Central (BC) no Relatório Trimestral de Inflação.

De uma expectativa de 2%, o BC agora espera que o PIB cresça 1,6% este ano. Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá fechar o ano em 6,4%, próximo do teto de 6,5% fixado pelo governo. A projeção de alta para 2014 subiu 0,3 ponto porcentual em três meses, de março a junho, e o risco de estouro do teto da meta é hoje de 46%. Qualquer pressão adicional nos preços colocará em xeque a meta e obrigará o Banco Central a dar explicação oficial sobre o que deu errado na condução da política monetária.

Com a nova previsão, mais uma vez o BC adia a entrega da inflação no centro meta de 4,5% depois de a presidente prometer por três anos que o IPCA iria convergir para o objetivo oficial. O BC sinalizou que o processo de convergência será mais longo ao mostrar que a inflação vai continuar elevada e bem acima do teto da meta até o final do primeiro semestre de 2016, um ano e meio depois do início do próximo governo. A projeção de IPCA mais longa, incluída no relatório, é de 5,1% para junho de 2016.

Conforto

Apesar da deterioração de todas as previsões de inflação e de ter retirado a avaliação de que a alta de preços seria um processo de curta duração, o BC interrompeu a alta de juros e deu sinais que está confortável com o quadro inflacionário, apostando que o crescimento mais baixo do que o potencial da economia vai controlar a inflação. Uma aposta considerada de risco pelos analistas econômicos, já que a inflação tem se mantido elevada por tempo prolongado.

“A economia e a inflação vão reagir ao esforço monetário feito”, disse Carlos Hamilton, diretor de Política Econômica do BC. Segundo ele, a potência do impacto dos aumentos de juros teria, inclusive aumentado.

Para Luís Otávio Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, o BC está “satisfeito” com a sua política de juros. “Ou seja, no curto prazo não teremos mudança do atual patamar da Selic”, disse Leal. No relatório, avaliou, o BC reconhece que no curto prazo a inflação deve se mostrar resistente por causa da necessidade de se ajustar os preços administrados, mas que, no cenário à frente, a inflação deve ceder. Outro fator de pressão da inflação - os custos salariais - na visão do BC tende a arrefecer.

“O BC está convencido de que economia fraca vai reduzir inflação, mas nada garante que isso ocorrerá”, ponderou José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Gestão de Recursos. “Se os preços administrados subirem mais que os 6% projetados pelo BC para 2015, é bem provável que a inflação vai superar o teto no próximo ano”, previu.

Fantasma

O risco de alta mais forte dos preços administrados, principalmente energia, é um dos maiores problemas para o BC devido à expectativa de realinhamento de preços. Na esteira dos consecutivos reajustes expressivos das contas de luz de distribuidoras de energia que atendem Estados populosos, a projeção do BC para o aumento das tarifas de eletricidade em 2014 subiu de 9,5% para 11,5%.

A estiagem que atinge desde o ano passado as regiões onde se localizam os principais reservatórios de usinas hidrelétricas tem forçado o setor a utilizar as usinas térmicas que produzem eletricidade mais cara desde o início de 2013. Com isso, os reajustes tarifários anuais das principais empresas de distribuição, calculados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), têm saído com dois dígitos.

A mineira Cemig, por exemplo, teve um aumento médio de 14,67% em abril. A gaúcha AES Sul obteve reajuste médio de 29,54% no mesmo mês. Na última terça-feira, a Aneel aprovou um aumento médio ainda maior para a paranaense Copel, de 35,05%, mas a empresa pediu a suspensão da medida.

Confiança do varejo registra mínima histórica

A confiança dos comerciantes fechou o primeiro semestre na mínima histórica, diante de um cenário de vendas fragilizado pela desaceleração do consumo, pelo crédito mais caro e pela inflação elevada. O Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) recuou 2,3% em junho ante maio, para 109,6 pontos. Em relação a junho de 2013, o recuo foi de 12%, o maior já registrado na pesquisa neste tipo de comparação, informou ontem a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

“Não se pode falar em crise no varejo, mas certamente há perda de força”, avalia o economista da CNC Fábio Bentes. Para ele, o comércio varejista não passa por um momento tão delicado desde a crise de 2008. Cálculos feitos a partir de dados da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, mostram que o volume de vendas teve uma retração de 0,5% nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao quadrimestre anterior, o pior resultado desde o início de 2009.

Além disso, os juros não param de crescer, a despeito de a Selic estar estacionada em 11% ao ano desde abril, já que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu em maio interromper o ciclo de alta iniciado um ano antes. A lógica vale também para o crédito destinado a investimentos. O ânimo dos empresários para desembolsar em projetos no próprio negócio ou para contratar mão de obra diminuiu.

Mercado de trabalho

“No caso do mercado de trabalho, os números vão acompanhar o desempenho das vendas”, diz Bentes. A CNC prevê alta de 4,7% no volume de vendas do varejo restrito (sem incluir veículos e material de construção) neste ano, mas a estimativa tem viés negativo.

A CNC espera que sejam geradas 149 mil vagas formais no varejo ampliado (com veículos e material de construção). O número, contudo, é mais fraco do que o observado em 2013, quando foram abertos 253,28 mil postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados com ajuste do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Fonte: Jornal O Popular

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