Projeção anterior era de 1,6%. Piora é explicada pela queda da produção industrial e dos investimentos
Brasília - A crise financeira internacional provocou na economia brasileira um impacto maior que o previsto pelo Banco Central (BC), levando a autoridade monetária a ser mais conservadora nas suas estimativas de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos 12 meses.
No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem, o BC reduziu sua previsão de crescimento econômico deste ano de 1,6% para 1%. Para o ano que vem, o ritmo de 3,3% que seria atingido no primeiro semestre, só vai chegar no terceiro trimestre. O BC não divulgou previsão de crescimento para o ano inteiro de 2013.
O baque na produção industrial, cuja queda deve girar em torno de 0,5%, e uma retração da ordem de 3,5% nos investimentos explicam a revisão para baixo. Segundo o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, o recuo na oferta de linhas de crédito lá fora e a baixa confiança dos empresários ajudam a compreender a demora da economia brasileira em reagir aos estímulos anunciados pelo governo.
Além disso, haverá queda nas exportações, o que também puxa para baixo o desempenho do PIB.
As estatísticas econômicas dos últimos meses vieram piores do que o esperado pela autoridade monetária. O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu o mercado começando a cortar juros em agosto de 2011, antecipando as dificuldades da crise neste ano.
De lá para cá, a Selic caiu para a mínima recorde de 7,25% ao ano, o governo cortou impostos, aumentou a oferta de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prometeu concessões de rodovias e ferrovias à iniciativa privada. Mas a economia não reagiu.
Crédito
A queda da Selic trouxe a reboque uma queda dos juros praticados pelos bancos aos consumidores, em um curto espaço de tempo.
Por motivos metodológicos, isso significa retração do PIB. A oferta de crédito também foi prejudicada pela má situação de bancos pequenos e médios, área já saneada pelo BC, complementou o diretor.
“A economia nesse ano cresceu menos que se imaginava, por causa do componente externo, o agravamento da crise”, afirmou Araújo.
“Pibão”
Depois da decepção com o crescimento deste ano, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que “quer um pibão grandão” para 2013.
Ela não fez referência a números, mas em outras ocasiões já afirmou que um crescimento elevado para o PIB é em torno de 4,5%, 5% ao ano, números que estão bem acima dos alcançados nos dois primeiros anos de governo.
Preços estão sob controle, mas subindo mais do que deveriam
Brasília - No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem, o Banco Central informou que as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapassam a meta de 4,5% até dezembro de 2014. Essas previsões embutem, por outro lado, uma boa notícia: não será necessário elevar a Selic no período para controlar preços.
Segundo os cálculos do BC, a inflação terminará este ano em 5,7%, caindo para 4,8% no ano que vem. A partir daí, volta a ganhar força e fecha o último ano do governo Dilma na casa dos 4,9%. No ano passado, o IPCA bateu em 6,5%.
Todos estes índices superam o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas são considerados tecnicamente em linha com o objetivo porque há uma margem de tolerância de dois pontos porcentuais. Ou seja, para ficar dentro da meta a inflação deve terminar o ano entre 2,5% e 6,5%. Os dados do BC mostram que os preços estão sob controle, mas subindo mais do que deveriam.
Fonte: Jornal O Popular