Lançada ontem, a Cetip Trader, plataforma para a venda de papéis de renda fixa de bancos médios, vai começar a operar apenas com CDBs e letras de crédito (LC), instrumento mais usado pelas financeiras.
É o pontapé de um projeto dos bancos médios que teve início há mais de dois anos, quando as instituições começaram a avaliar como poderiam diversificar a base de captação. Para chegar ao desenho final da plataforma, os bancos de uniram à Cetip e às corretoras de valores.
Sem uma rede de agências para distribuir produtos, os bancos médios são bastante dependentes de investidores institucionais, que aplicam volumes altos. Em momentos de crise, se eles sacam seus recursos, trazem instabilidade às instituições financeiras.
Segundo Ricardo Gelbaum, diretor da ABBC, associação dos bancos médios, a expectativa é que as instituições financeiras de médio porte possam ter de 25% a 30% de suas captações vindas de pessoas físicas, com o empurrão que a plataforma pode dar. Hoje, a participação de pequenos poupadores no funding desse tipo de instituição é praticamente nula.
Os bancos e as financeiras vão registrar na Cetip Trader suas ofertas de venda de CDBs e LCs, com os respectivos prazos e taxas. A partir disso, as corretoras de valores vão selecionar quais papéis querem comprar e distribuí-los a seus clientes.
É um formato um pouco diferente daquele que os bancos médios idealizaram. O projeto original previa uma espécie de site a partir do qual os investidores de varejo poderiam diretamente fechar suas compras. Depois de estudos iniciais, porém, os bancos chegaram à conclusão de que poderiam alcançar um público maior por meio das corretoras.
Para os distribuidores, a correção de rota chega em bom momento. Com um cenário pouco empolgante para a renda variável, o refúgio na renda fixa é bem-vindo. Bastante populares, os CDBs somam estoque de R$ 644 bilhões.
Em breve, outros papéis de renda fixa de bancos devem entrar na plataforma, como as letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA). Por não sofrerem incidência de Imposto de Renda, esses títulos têm conquistado pequeno investidores.
Um dos apoios dos bancos médios para emplacar seus CDBs no varejo é a garantia de R$ 250 mil dada pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Isso tornaria o risco dos papéis bastante baixo.
Fonte: Valor