Brasília - Enquanto o Banco Central eleva juros para esfriar a economia e conter a inflação, a Fazenda e o Planejamento anunciam mais gastos públicos para estimular o consumo e o investimento.
Finalmente anunciadas ontem, as metas para as contas do Tesouro Nacional sinalizam despesas recordes - que podem aumentar ainda mais até dezembro. Ao apresentar os dados, o ministro Guido Mantega (Fazenda) contestou, na prática, o diagnóstico do BC de que menos economia do governo (o afrouxamento da política fiscal) alimenta a inflação.
Segundo a tese de Mantega, a alta dos preços está concentrada em alimentação e serviços - e portanto não estaria ligada ao gasto público. Ainda segundo o ministro, pretende-se elevar os investimentos, não o custo da máquina administrativa.
O afrouxamento fiscal começa pela redução do montante a ser poupado para o abatimento da dívida pública, ou superávit primário. Em vez dos R$ 108,1 bilhões planejados no início da elaboração do Orçamento, o governo criou brechas que, no limite, permitem reduzir o superávit a R$ 42,9 bilhões e elevar as despesas totais a R$ 948 bilhões.
Graças às metas menos ambiciosas, pode-se reduzir o ajuste anual na lei orçamentária aprovada pelo Congresso. Nos dois primeiros anos de mandato de Dilma, houve bloqueios de despesas na casa dos R$ 50 bilhões. Agora, o valor caiu a R$ 28 bilhões.
Fonte: Jornal O Popular