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“Ódio e nojo, ao mesmo tempo”

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16/06/2015 - 09:04

Maioria dos empregados já sofreu ou ainda enfrenta assédio, geralmente de superior hierárquico direto

A farmacêutica Camila Rodrigues Vilela, de 33 anos, desabafa: “É uma sensação de ódio e nojo, ao mesmo tempo”. Ela foi vítima de assédio sexual na empresa onde trabalhou por mais de sete anos. Camila conta que não percebeu o assédio de imediato e tudo começou quando seu chefe resolveu fazer comentários sobre as roupas que usava.

“Se estava de saia, os comentários eram do tipo ‘hoje você está de matar’. Se me arrumava mais do que de costume, ele perguntava se estava querendo fazer charme para ele. Foi quando comecei a questionar porque um homem não pode ver uma mulher e ficar de boca fechada”, afirma.

Camila conta que a situação se complicou quando o chefe a chamou para conversar e propôs uma noite em um motel por uma promoção de cargo. “Foi a gota d’água. Pedi demissão e procurei um advogado. Aquilo já tinha passado dos limites”, lamenta.

A história da farmacêutica não é um caso isolado. De acordo com levantamento feito pelo site VAGAS.com, cerca de 52% dos trabalhadores brasileiros já enfrentaram situações de assédio moral ou sexual no trabalho. E as mulheres são as maiores vítimas (veja quadro).

Pesquisa

Das pessoas que declaram ter sofrido agressão, 47,3% informam que foram vítimas do assédio moral, caracterizado por piadas, chacotas, agressões verbais ou gritos constantes. Já 9,7% da amostra total se enquadram no assédio sexual, caracterizado por comportamentos inadequados, como cantadas, propostas indecorosas ou olhares abusivos.

A pesquisa revela ainda que 51,3% dos casos foram perpetrados pelo chefe direto do ofendido, 32,6% por superior hierárquico, mas não pelo chefe direto, e 11,5% por funcionários do mesmo nível. Apenas 4,6% dos episódios foram ocasionados por funcionários de nível hierárquico inferior.

Cristiano (nome fictício), 25 anos, é formado em contabilidade. Ao realizar um sonho, ele conseguiu um trabalho em uma empresa de grande porte há três anos. Porém, há um ano viu o sonho tornar-se pesadelo.

“Comecei a ser exposto a situações que, de início, levei na brincadeira, mas depois ficaram constrangedoras. Meu supervisor não se reúne mais comigo, me chama atenção só quando estou cercado de pessoas. Qualquer coisa é motivo para xingamentos e palavrões. O assédio virou rotina, mas preciso do emprego. Tenho medo de denunciar e perdê-lo”, afirma.

O advogado e presidente do Instituto Goiano de Direito do Trabalho (IGT), Rafael Lara Martins, explica que, para ser considerado assédio moral, é preciso que o abuso de poder seja feito de forma repetitiva e prolongada.

Denúncia

“O trabalhador poderá identificar o assédio por meio de ações que o expõem e constrangem. Se identificado, o assédio deve ser levado ao conhecimento da empresa. Mas é preciso denunciar algo concreto, pois uma denúncia falsa pode resultar em danos ao empregado e até demissão por justa causa”, explica Rafael.

Segundo a pesquisa da VAGAS.com, 87,5% das vítimas não denunciam a conduta e se calam diante da ofensa. O motivo? Medo de perder o emprego, medo de represálias, vergonha, receio de a culpa recair sobre o denunciante.

Fonte: Jornal O Popular

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