A economia ainda não vai bem, mas pode melhorar. A inflação ainda está elevada, mas pode piorar. O Banco Central, conservador por dever de ofício, demorou, mas confessou que a reação da atividade não é bem a esperada. Na mesma tacada, atestou, também com delay em relação aos brasileiros em geral e ao mercado financeiro em particular, que a inflação inspira cuidados. Diante de uma atividade decepcionante e de uma inflação surpreendente, o Copom ficou quieto. Manteve a taxa Selic onde estava e decidiu informar o que enxerga. O mercado de juros se assanhou. O comunicado do Copom foi a senha para movimentar posições no mercado futuro, e refazer apostas em elevação da Selic para conter pressões inflacionárias. O BC está atento, mas sempre está. E é alta a probabilidade de minar extravagâncias sobre a inflação. Mas isso não significa dizer que desistiu de contribuir para animar a atividade. Inclusive, vem exercendo há meses a opção de participar do projeto do governo, do qual faz parte. A redução da Selic está contabilizada. No ciclo passado. A liberação de compulsórios bancários é outra parte do pacote. E não necessariamente encerrada.
No ano passado, foram liberados quase R$ 100 bilhões de recolhimentos compulsórios sobre depósitos bancários. Ainda assim, seguem guardados no BC cerca de R$ 360 bilhões. Em dezembro de 2011, essa fatura rondava R$ 450 bilhões. A migração desse dinheiro para o sistema bancário não aconteceu do dia para a noite. Foi lenta, mas expressiva e emblemática. Reveladora sobre uma importante mudança na gestão dos compulsórios bancários.
Alguns especialistas ainda consideram esse dinheiro o salvador da pátria na crise financeira global de 2008/2009. Outros, mais afinados ao Planalto, veem nos compulsórios bancários dinheiro bastante para alimentar cuidadosa e pontualmente alguns segmentos da atividade que, ao final, poderão colaborar sim para um desempenho melhor da economia em 2013 e 2014.
Fonte: Valor Econômico