Moeda atinge maior patamar desde 31 de março de 2009; Bovespa sobe e retoma nível de 49 mil pontos
São Paulo - O dólar rompeu ontem a barreira dos R$ 2,30 no mercado à vista de balcão - algo que não ocorria em fechamento desde 31 de março de 2009 -, para encerrar a R$ 2,3030, com elevação de 1,1%. Apesar da pressão de alta sobre a moeda ao longo da sessão, o Banco Central (BC) apenas monitorou os negócios e não fez leilão de swap cambial (um dia antes ocorreram três).
Segundo operadores, o movimento do dólar no Brasil esteve em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana também avançava ante o euro, o iene e as moedas de países dependentes de commodities. Por aqui, no entanto, a divulgação dos dados da balança comercial de julho reforçou a percepção de que o Brasil tem carência de dólares.
Nesse cenário, o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que “há um mês e meio o dólar está acima do patamar anterior, mas não sei se vai voltar ao nível anterior”.
No início do dia, a divisa dos Estados Unidos chegou a ter perdas ante o real, marcando, às 9h30, a mínima de R$ 2,2690 (-0,40%) no balcão. Para analistas, o viés de baixa inicial era uma continuação do movimento de quarta-feira, quando a moeda encerrou com queda de 0,13%. A divulgação de dados positivos nos Estados Unidos, no entanto, conduziu a cotação para o território positivo.
“Pelas notícias do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), no sentido de manutenção do programa de estímulos à economia, não era para o dólar subir desse jeito. Mas subiu”, comentou Luiz Carlos Baldan, diretor da Fourtrade. “Está mais ou menos na média da movimentação lá fora”, acrescentou o profissional de um banco que prefere não se identificar.
Pela manhã, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou que o número de trabalhadores que pediram pela primeira vez o auxílio-desemprego caiu em 19 mil, para 326 mil na semana até 27 de julho. Este é o nível mais baixo desde 2008. Já o índice de atividade industrial medido pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) subiu para 55,4 em julho, o maior desde junho de 2011.
Notícias positivas como essas reforçam a percepção de que o programa de estímulos do Fed começará a ser desmontado em um futuro próximo - apesar de a data ainda ser uma incógnita. No Brasil, os dados da balança comercial divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior também ajudaram a fortalecer a moeda norte-americana.
Bovespa
Os indicadores globais garantiram um início de agosto com o pé direito à Bovespa. O patamar de 49 mil pontos foi resgatado por uma alta quase generalizada das ações que compõem o índice.
A bolsa doméstica, assim, teve alta de 1,88%, em seu primeiro pregão do mês, aos 49.140,78 pontos. Na mínima, operou estável, aos 48.235 pontos e, na máxima, registrou 49.281 pontos (+2,17%) No ano, acumula perda de 19,38%.
O bom humor veio dos dados industriais de China, Europa e Estados Unidos. O Dow Jones registrou elevação de 0,83%, aos 15.628,02 pontos, e o S&P 500 subiu 1,25%, para 1.706,87 pontos, ambos em patamares recorde e o S&P pela primeira vez acima de 1.700 pontos. O Nasdaq teve ganho de 1,36%, aos 3.675,74 pontos.
Aqui, Petrobras ajudou a puxar o Ibovespa. As ações ON registraram alta de 4,68% e as PN, de 3,99%, influenciadas pelos dados chineses e também pela notícia de aumento de sua produção. Gerdau, por outro lado, também exibiu alta vigorosa, influenciada por seu balanço e por cobertura de posições vendidas. Gerdau PN teve evolução de 4,32% e Metalúrgica Gerdau PN, de 4,66%. .
Fonte: Jornal O Popular