RIO - Em entrevista ao programa Espaço Aberto da jornalista Miriam Leitão na “Globonews”, ao lado do ex-presidente do Banco Central (BC) e principal assessor econômico de Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República, Arminio Fraga, o ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou que há 11 anos o país cumpre meta inflacionária – cujo teto é de até 6,5%.
Mantega destacou que, apesar das pressões inflacionárias experimentadas pelo país, a meta tem sido mantida.
No entanto, quando questionado se, em sua avaliação estaria “tudo bem” no combate à inflação, admitiu: “Não. Não está tudo bem”. Ele admitiu que é preciso lutar contra a inflação porque é um problema que afeta principalment e a população de baixa renda.
“Nós temos feito isso, ampliando a oferta de alimentos, ampliando a oferta de produtos”, comentou, visto que quanto mais reduzida é a disponibilidade, maior é o preço do item no mercado. “Hoje, a economia brasileira é uma das mais produtivas na agricultura, e alimento é sempre um motivo de pressão”, disse, comentando, no entanto, que há que se contar também com a influência da flutuação de preços das commodities no mercado internacional. “Nós dependemos também dos preços das commodities. Há preços que não são definidos no mercado brasileiro”, lembrou.
Ao ser lembrado que os preços das commodities caíram esse ano, Mantega rebateu que a inflação do item começou a ficar menos pressionada somente agora. “Nos últimos sete, oito anos, as commodities subiram e trouxeram pressão inflacionária. Além disso, temos secas nos EUA, na Índia na China que provocam pressões inflacionárias”, disse, citando indiretamente problemas climáticos que ajudam a reduzir oferta de produtos agrícolas no mercado internacional. “Então, acho que temos que combatê-las”, comentou.
Ao ser questionado sobre o atual patamar de 6,75% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses até setembro – o mais elevado em quase três anos –, o ministro disse que o IPCA não deve “terminar o ano dessa maneira”. Ele afirmou que a inflação deve terminar 2014 em patamares próximos a 6,4%, 6,3%. “É o que as previsões dizem”, afirmou.
Seca
Ao falar sobre o cenário inflacionário de 2014, Mantega comentou que esse ano ocorreu uma pressão inflacionária um pouco maior, devido a problemas de seca afetando a oferta de agrícolas - e assim puxando para cima os preços – e energia elétrica. “As tarifas de energia elétrica têm que ser elevadas e com isso cria uma inflação adicional”, explicou.
No entanto, ele destacou que houve boa notícia esse ano, com inflação dos alimentos um pouco menor quando comparada aos últimos dois anos. “Então, para o consumidor de alimentos, que é o principal, a dona de casa, os alimentos estão caindo”, afirmou.
O ministro afirmou que, em sua avaliação, foi feito em 2014 uma política monetária muito rigorosa no que concerne como instrumento para conter o avanço da inflação.
“Não brincamos com a inflação; ela vai ficar dentro do esperado”, afirmou e aproveitou para alfinetar a trajetória de Fraga no combate inflacionário, quando esse era presidente do BC.
“Se nós olharmos no passado, isso não acontecia. Quando o Armínio era presidente do Banco Central, a inflação daquele tempo, ele pegou com 7% em 1999 e entregou com 12% em 2002”, citou. “Então, não é fácil controlar a inflação. Esse é um problema permanente e nós temos tudo sob controle”, assegurou.
Fonte: Valor Econômico