Até mesmo o bilionário Richard Branson poderá precisar de um sócio para ter uma chance de enfrentar os maiores bancos do Reino Unido. Os parlamentares estão incentivando o crescimento de bancos como o Virgin Money Holdings (U.K.) Plc, respaldado por Branson, para desafiar o domínio do Royal Bank of Scotland Group Plc, do HSBC Holdings Plc, do Lloyds Banking Group Plc e do Barclays Plc.
Os bancos menores podem não ter outra escolha a não ser combinar-se entre si se quiserem competir com esses quatro gigantes, que controlam até 80% do mercado.
"A consolidação a médio prazo é inevitável", disse Warren Mead, da KPMG LLP. "Eles não têm escala suficiente para serem, por si só, desafiadores eficazes."
A necessidade de ganhar escala pode juntar o Virgin Money com o TSB Banking Group Plc, o banco de varejo separado do Lloyds em junho, segundo Gary Greenwood, analista da Shore Capital Group Ltd. Ambos são avaliados em cerca de US$ 2 bilhões cada. Bancos menores como o Shawbrook Bank Ltd. também podem ser alvos, disse Greenwood. Uma fusão entre o TSB e o Co-Operative Bank Plc, propriedade de seus clientes, também faz sentido, segundo a Investec.
"O sistema bancário do Reino Unido continua sendo um oligopólio", disse Jayne-Anne Gadhia, principal executiva do Virgin Money, em entrevista por telefone. "É importante dar aos clientes o melhor negócio possível para assegurar que o oligopólio seja mudado."
O Virgin Money está entre os bancos do Reino Unido, ao lado do TSB e do OneSavings Bank Plc, que venderam ações neste ano em ofertas públicas iniciais (IPOs). Gadhia disse que a consolidação "não é algo em que pensamos no momento" e que se isso acontecer no futuro "veremos o que significa".
Sete desses bancos, incluindo TSB, Virgin Money e Williams Glyn, tinham depósitos combinados de 76,1 bilhões de libras (US$ 120 bilhões) e 71,6 bilhões de libras em empréstimos no fim do ano passado, segundo os balanços das companhias. O montante é uma fração dos depósitos e empréstimos do Reino Unido, que alcançam 1,7 trilhão de libras e 1,8 trilhão de libras, respectivamente, segundo números compilados pelo Banco da Inglaterra.
"O Lloyds está investindo 1 bilhão de libras em uma estratégia digital. Os concorrentes [menores] não podem se dar ao luxo de fazer isso com a escala que têm", disse Mead, da KPMG. "A forma como eles vão ao mercado e interagem com os clientes demandará um nível massivo de gasto para que sejam capazes de competir."
Os parlamentares estão dando força a esses bancos para que aumentem sua participação de mercado em contas correntes pessoa física no Reino Unido, o que é visto como um critério de medição da concorrência. Os bancos com uma participação no mercado de contas inferior a 5% não conseguiram crescer de forma significativa no passado, segundo a Comissão Independente sobre Bancos, nomeada pelo Parlamento e liderada por John Vickers para revisar a estabilidade financeira no Reino Unido.
O TSB está entre os bancos desafiadores mais fortes, com 4,2% do mercado de contas correntes do Reino Unido. Contudo, Andrew Tyrie, presidente do Comitê do Tesouro do Parlamento, questionou no dia 23 de outubro se a instituição reuniria uma participação de mercado suficiente para competir de forma bem-sucedida contra seus rivais maiores.
O presidente-executivo do TSB, Paul Pester, disse em comunicado que o banco planeja aumentar sua participação de mercado para mais de 6%. Um representante do banco preferiu não comentar, na semana passada, se o banco estudaria fusões e aquisições.
Fundir bancos menores pode não ser a melhor forma de incentivar a concorrência, segundo Joe Dickerson, analista da Jefferies Group LLC, em Londres. Em vez disso, os bancos menores podem ganhar participação seguindo as estratégias que já vêm empregando, disse ele.
O Metro Bank PLC, um banco com sede em Londres, mantém suas agências abertas sete dias por semana e oferece aos clientes contadores de moedas grátis e petiscos para cães. Esse tipo de estratégia "pode ter um efeito muito inovador", diz Dickerson.
Fonte: Valor Econômico