Consumidor goianiense teve em março o maior índice de aumento de preços para o mês desde 2003
O quilo da batata, que chegaram a custar R$ 0,99 há alguns meses, hoje chega até a R$ 5, enquanto o tomate é encontrado por até R$ 7. O mesmo acontece com o quilo do feijão, que era vendido por até R$ 2,09 há pouco tempo e também já custa até R$ 5 nos supermercados.
A constatação da presidente da Federação das Donas de Casa e Consumidores de Goiás, Jaci Ribeiro de Moura, já foi comprovada em índices pelos institutos que pesquisam a inflação em Goiânia.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Gestão de Planejamento, mostrou que o custo da alimentação no domicílio aumentou, em média, 3,26% em março.
Porém, os preços de alguns alimentos muito consumidos dispararam: o preço do feijão carioca aumentou quase 28%, enquanto a batata subiu quase 37% no mês passado e o tomate ficou 30% mais caro. Com isso, a inflação da capital subiu 1,22% em março, o maior índice para o período deste março de 2003.
Reajustes
Cerca de 75% desse índice foi provocado pelos reajustes dos alimentos. Outros grandes reajustes foram observados nos preços do leite, dos ovos e das carnes.
Enquanto os preços dos legumes e verduras subiram por causa das chuvas, o leite e da carne subiram por causa dos efeitos da seca prolongada no início do ano, que prejudicou a qualidade dos pastos e a nutrição dos animais. As carnes ficaram, em média, 4,36% mais caras em março, com destaque para o coxão duro, que subiu 7,8%.
Para Jaci Ribeiro, a saída para as donas de casa tem sido, por exemplo, optar por legumes e verduras que não tenham subido tanto. Uma sugestão é trocar a batata pela mandioca. “Mesmo assim, é preciso optar pela mandioca com casca, que é mais barata”, recomenda a representante das donas de casa.
Consumidor precisa usar a criatividade
Mais do que nunca, é preciso usar a criatividade. Para a presidente da Federação das Donas de Casa, se os preços continuarem nesse ritmo de alta, elas já pensam em fazer um manifesto para demonstrar a insatisfação do consumidor.
“O trabalhador não tem mais como comprar alimentos, pagar aluguel e outras despesas com salário mínimo. Daqui a pouco, o governo terá de ajudar a população com alimentos”, destaca.
Para o economista Marcelo Eurico de Sousa, gerente de Pesquisas Sistemáticas e Especiais do Instituto Mauro Borges (IMB), essa alta nos preços dos alimentos já era esperada em março, mas não num índice tão elevado. “Esperávamos pressões sobre os preços das hortaliças e tubérculos por causa do aumento das chuvas, mas não neste índices”, ressalta. Ele lembra que a produção de alimentos ficou sujeita a situações extremas de seca e chuva por causa da instabilidade climática.
Marcelo ressalta que o tomate só não ficou ainda mais caro porque a produção interna consegue abastecer metade do mercado local. Ele alerta que os preços podem subir ainda mais se as chuvas continuarem fortes. Já a colheita da batata tem sido dificultada pelas chuvas, o que reduziu a oferta. Com os reajustes dos alimentos, o valor da cesta básica passou de R$ 248,07 em fevereiro para R$ 257,22 em março, uma alta de 3,7%.
De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), passado este período de colheita da primeira safra, realizada principalmente nos meses de dezembro e janeiro, os produtores comercializaram o feijão, diminuindo o estoque disponível. Como a demanda se manteve constante, os preços voltaram a subir, sendo que hoje o grão está sendo comercializado em torno de R$130,00 a saca, contra R$ 75 anteriores.
A alta nos preços dos combustíveis também contribuiu um pouco para a disparada da inflação de Goiânia em março, com destaque para o etanol, que ficou 4,25% mais caro. Porém, essa alta foi compensada por uma redução média de 10,9% nos preços das passagens de ônibus interestaduais e de 3,4% nos ônibus intermunicipais.
Mas vale lembrar que os reajustes dos combustíveis ainda devem pesar na inflação de abril, pois aconteceram mais no fim do mês passado. Para Marcelo, a expectativa é que o cenário de preços altos se mantenha este mês, que começou não só com pressão nos preços dos alimentos, mas também dos medicamentos e impostos sobre bebidas.
O consumidor está espantado. A gerente administrativa Hérica Cristina Lourenço se assustou ontem ao encontrar o quilo do tomate por R$ 7. “Cada dia está mais caro e mais difícil comprar. O dinheiro não está valendo nada”, reclama. Segundo ela, a saída tem sido trocar alguns alimentos e reduzir o consumo de outros que não tem substitutos. “Você gasta muito e não compra quase nada”, conta.
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Dilma diz que manterá inflação na meta
Um dia depois de o Banco Central anunciar o nono aumento seguido da taxa básica de juros, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o governo manterá a taxa de inflação no limite da meta neste ano.
Durante sua fala em evento de empreendedores, em Brasília, Dilma reafirmou que as reservas do País, de US$ 377 bilhões, estão sólidas, que a dívida líquida sobre o PIB (passivo do setor público sobre o Produto Interno Bruto), de 33,7%, foi reduzida ao longo dos anos, e que a política fiscal está mantida.
“Nós atingimos esses resultados preservando integralmente a solidez da nossa economia. A taxa de inflação vem sendo mantida nos últimos anos dentro dos limites fixados pelo Conselho Monetário Nacional. E isso também acontecerá em 2014”, disse a presidente.
Selic
Na quarta-feira, a taxa Selic subiu de 10,75% para 11% ao ano. A decisão foi unânime e já era esperada pelo mercado. Também conta com o apoio do Palácio do Planalto, preocupado com o risco de a inflação estourar o teto da meta, de 6,5%, em plena campanha eleitoral.
Assessores presidenciais trabalham com a possibilidade de mais uma alta na Selic em maio, para 11,25%, caso a inflação continue mostrando resistência ao longo do primeiro semestre deste ano.
O temor é que a alta dos preços afete a popularidade da presidente nas próximas pesquisas, o que pode alimentar pressões para a troca da candidatura de Dilma pela do ex-presidente Lula.
A ida de Dilma ao evento de micro e pequenos empresários faz parte de uma estratégia do Planalto de tentar nova aproximação com o setor produtivo do país.
Em uma estratégia coordenada com a agenda do ex-presidente Lula, Dilma também delegou ao vice-presidente Michel Temer a função de conversar com empresários em encontro do Council of Foreign Relations, em Nova York, no próximo fim de semana.
Hoje, Dilma reforçou várias vezes em seu discurso a necessidade de diálogo entre os empresários e sua gestão.
Fonte: Jornal O Popular