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Financiamento: Imóveis caros serão mais afetados por novas taxas

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20/01/2015 - 09:29

Juro pode passar de 14% ao ano para imóveis como valores acima de R$ 650 mil, avaliam especialistas. Já para moradias como as do Minha Casa, Minha Vida não haverá alteração

Os novos financiamentos de imóveis residenciais pela Caixa Econômica Federal contam, oficialmente, com taxas mais altas. O aumento dos juros cobrados pelo banco começou a vigorar ontem e será sentido nas operações contratadas por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), sendo que os imóveis mais caros, acima de R$ 650 mil, serão os mais afetados na maior parte do Brasil, incluindo Goiás.

Conforme anunciou a Caixa, para a linha de crédito do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que financia imóveis com preço acima desse valor, os juros do financiamento passará de 9,2% ao ano (a.a) para 11% a.a, no caso de mutuários não clientes do banco. Já para os clientes, o aumento será um pouco menor, de 10,2% a.a, ao invés de 8,8% a.a, como vinha sendo praticado até a semana passada. Conforme levantamento da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), as prestações dos imóveis financiados pelo SFI podem sofrer reajuste de até 14,3%.

SFH

Com relação às linhas de crédito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), referente ao financiamento de imóveis abaixo de R$ 650 mil, as taxas de juros vão passar de 8% a.a para 8,5% a.a, com relação aos clientes que mantêm relacionamento com o banco. No caso dos demais, que não mantém vínculo com a instituição financeira, a taxa permanece a mesma, de 9,5% a.a; caso que se aplica aos financiamentos com o recurso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa Minha Casa, Minha Vida, que não sofrerão aumento.

A reportagem do POPULAR entrou em contato com a Caixa Econômica Federal para esclarecimentos a respeito desse assunto, mas a instituição financeira respondeu que não comentaria a alta nas taxas. A única informação é que o aumento foi motivado pelo aumento da taxa básicas de juros, a Selic, que subiu nos últimos meses e está em 11,75%.

Estratégia econômica

De acordo com o economista Eber Vaz, com o aumento dos juros cobrados pela Caixa, é possível que os demais bancos voltem a reajustar as taxas de juros dos financiamentos, dando início a uma cadeia de aumentos. Em um primeiro momento, segundo o especialista, é possível que muita gente repense a necessidade da compra do imóvel nesse período e acaba adiando a decisão da casa própria.

A tendência, no entanto, é de que até o próximo ano, as coisas voltem ao normal e que as taxas de juros nos financiamentos imobiliários fiquem mais baixas, assim que valor da Selic regredir. “É possível que esse aumento concentrado no início desse ano seja uma estratégia do governo para tentar contar a inflação. Se for o caso, assim que a economia estiver mais controlada, as taxas de juros de forma geral voltarão a cair. Até lá, é preciso ter paciência e, no caso do consumidor, é necessário também eleger prioridades financeiras”, comentou Vaz.

Impactos

Ao contrário do economista, o superintendente da imobiliária Adão Imóveis, Murilo Andrade, não acredita que os juros mais altos nos financiamentos afetarão o desempenho nas vendas de imóveis no Estado. Mesmo lamentando a alta nas taxas, ele diz que o cenário econômico já indicava o reajuste e que os maiores afetados - os compradores de imóveis acima de R$ 650 mil - contam com orçamento doméstico mais alto.

O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Renato Correia, também acredita que o impacto na venda de imóveis será mínimo. Conforme ele, os reflexos negativos seriam mais preocupantes caso compradores que estão confiando em recursos como FGTS e no programa Minha Casa, Minha Vida, também sentissem o aumento, o que não vai acontecer. Ele calcula, aliás, que o incremento médio para quem está comprando um imóvel abaixo de R$ 650 mil seja de R$ 120 das parcelas mensais.

A professora universitária Viviane Resende, por exemplo, não pensa em adiar a compra da casa própria devido ao aumento. Ela e o marido são funcionários públicos e mantêm vínculo com a Caixa há algum tempo, o que vai ajudar a conseguir um financiamento imobiliário com taxa mais aceitável.

Além disso, Viviane conta que financiará somente 50% do valor do imóvel, cujo total fica em torno de R$ 350 mil. “Vai ser melhor que continuar vivendo de aluguel, por isso não consideramos suspender a compra, embora a gente ainda não tenha fechado o financiamento com o banco”, esclareceu.

Institutos recomendam prudência ao trabalhador

O trabalhador que pensa em adquirir a casa própria neste momento deve rever sua intenção, adotar uma postura de cautela e aguardar um pouco mais antes de assinar um contrato de financiamento. A dica é do presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), Geraldo Tardin.

“Se ele está pesquisando para comprar, o conselho é que, nos próximos dois anos, reveja essa opção. É um período de inflação mais elevada e o contrato, além dos juros, é corrigido pela Taxa Referencial (TR). Com a previsão de inflação neste ano e no início do próximo, os contratos vão subir muito”, disse Tardin.

Com os contratos pesando mais no bolso do trabalhador, outro problema é o risco de o comprador ter que devolver o imóvel, uma vez que terá dificuldade para pagar as prestações. “Se ele já está devendo e contrair nova dívida, terá dificuldade de pagar também as prestações da casa própria.”

No caso da pessoa que já escolheu o imóvel, o representante do Ibedec aconselha que não comprometa mais de 20% da renda. “A lei permite 30%, mas, se ela comprometer 20%, terá condições de passar por esse momento de forma mais tranquila. Ele pode, também, dar uma entrada maior, fazendo uma poupança antes ou comprar um imóvel de menor valor, desde que a prestação se encaixe em 20% do orçamento”, destacou Tardin.

Aqueles que pouparem para dar uma entrada maior podem ser beneficiados pela alta de estoque de imóveis, uma vez que a elevação dos juros pode reduzir a procura. Segundo Geraldo Tardin, a queda na procura poder criar um cenário com boas ofertas para os interessados.

Preocupação

O presidente da Associação Nacional dos Mutuários, Marcelo Augusto Luz, mostrou-se preocupado com a elevação dos juros da casa própria. Ele pondera que mesmo as taxas anteriores já eram consideradas altas. Para Marcelo Luz, os compradores de imóvel na planta que adquirirem das construtoras, para fazer uso do financiamento bancário, principalmente o da Caixa, também serão prejudicados.

“Já se alterou o plano de compra do imóvel, porque a partir do momento em que for fechar o financiamento, encontrará taxa a maior. Esses compradores vão ter dificuldades nas primeiras prestações e no aumento da dívida porque o saldo devedor acaba sendo alterado também para mais.”

Fonte: Jornal O Popular

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