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Finanças pessoais: Jovens são os mais endividados

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12/06/2013 - 09:03

Maioria dos inadimplentes tem entre 21 e 40 anos e se endivida com contas telefônicas, roupas e calçados, de acordo com pesquisa da CDL Goiânia

A grande oferta de crédito no mercado e o despreparo para lidar com as finanças pessoais estão deixando os jovens mais endividados. A maioria dos consumidores com registro no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) na capital tem menos de 40 anos e se endividou adquirindo produtos e serviços supérfluos, como contas de telefone, roupas e calçados. É o que mostra uma pesquisa divulgada ontem pela Gerência de Relacionamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia).

A segunda edição da pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada no último mês de abril, ouviu 357 consumidores que buscaram informações no SPC na capital. Em geral, mais de 50% estão com o crédito negativado há menos de dois anos.

Um dos resultados que mais chama a atenção na pesquisa é que, depois do desemprego, a maior causa apontada para a inadimplência é o descontrole dos gastos.

Assédio

Os jovens têm cada vez mais acesso a cheques e cartões de crédito, uma realidade que não era comum há algumas décadas. Os que entram na faculdade, logo sofrem o assédio de bancos e empresas de cartões. O problema é que a maioria não tem maturidade suficiente para controlar o próprio orçamento, está afoita por consumir e acaba gastando além da conta.

“Eles compram um computador ou um celular com uma tecnologia que amanhã já está ultrapassada e logo querem trocar pelo novo”, lembra a gerente de Relacionamento da CDL Goiânia, Dina Marta Correia Batista. Segundo ela, muitas dessas compras são feitas por impulso e geralmente levam a um arrependimento posterior.

Foi o que aconteceu com a estudante Maria (nome fictício). Ela conta que logo depois de entrar na faculdade foi procurada por um banco que lhe ofereceu uma conta universitária e um cartão de crédito, sem taxas. “Parecia que era muito fácil, mas minha única renda era um salário mínimo que recebia num estágio e acabei me descontrolando”, lembra.

Entusiasmada com o crédito, Maria conta que começou a comprar muitas roupas e calçados, além de um celular de última geração. Os parcelamentos das compras foram acumulados com suas despesas diárias, como lanches e almoços. Logo, a conta não fechou e ela começou a usar o cheque especial e o rotativo do cartão. A dívida só crescia e ela acabou perdendo a conta e o cartão, além de parar no SPC. “Renegociei e já estou pagando. Não quero mais passar por isso”, garante.

Dina Marta lembra que, muitas vezes, esses jovens adquirem tecnologias que nem utilizam porque não se informam corretamente antes de comprar. Eles são ansiosos e querem consumir rapidamente, sem analisar se precisam ou se a conta vai caber no orçamento. “Eles fazem fila para comprar um celular que acabou de chegar à loja como se ele fosse acabar para sempre”, destaca a gerente da CDL Goiânia. Muitos dos entrevistados descobrem que foram incluídos no SPC, mas não se lembram o porque, ou seja, se esquecem do que e onde compraram.

Financiamentos

Além disso, pessoas das classes C e D financiam carros novos e entram no crédito imobiliário cada vez mais cedo. Como essas dívidas resultam em prestações de valor alto, esses consumidores já estão com seu orçamento muito comprometido e podem cair na inadimplência com mais facilidade. “Porém, o brasileiro sempre dá um jeito para não ficar inadimplente”, acredita Dina.

Segundo ela, todos os dias, cerca de 300 consumidores procuram a CDL Goiânia para resolver suas pendências e poderem voltar a comprar. A maioria dessas pessoas é otimistas e confia que logo conseguirá regularizar sua situação. A pesquisa mostra que 80% dos inscritos no SPC pretendem renegociar as dívidas e começar a pagar nos próximos 30 dias. Uma das causas é o baixo índice de desemprego.

Segundo a gerente da CDL Goiânia, o volume de pessoas de má-índole, que realmente entram no crédito com a intenção de não pagar, representam um porcentual muito pequeno no universo dos inadimplentes.

Dina lembra que o acesso ao crédito traz felicidade, como a possibilidade da população de baixa renda ter acesso a bens de consumo. Porém, é preciso um maior amadurecimento e controle do orçamento, com um consumo mais consciente. “Consumir não é pecado, mas é preciso ter controle para continuar fazendo isso”, alerta.

Perspectivas são boas, diz economista

O consumidor está preocupado em quitar logo suas dívidas. Entre os entrevistados na pesquisa da CDL Goiânia, 82,6% afirmaram que o nome incluso no SPC atrapalha suas vidas, pois não conseguem mais fazer compras a prazo. Por isso, quase 80% dos endividados pretendem renegociar as dívidas e começar a quitar os débitos nos próximos 30 dias com seu próprio salário.

Para o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), Marcos Arriel, esses dados indicam que o problema não é tão grande quanto possa parecer, principalmente porque as perspectivas econômicas são boas, sobretudo em relação ao emprego. Apesar de terem o nome incluso no SPC, a maioria dos entrevistados mostra otimismo: 66% avaliaram que a situação financeira melhorou em comparação ao ano passado, por conta de troca de emprego, qualificação profissional, aumento da renda e facilidade de crédito.

Controle

Porém, todo esse otimismo também gera uma preocupação. Marcos Arriel lembra que apenas 29,6% dos entrevistados pretendem controlar os gastos e evitar a inadimplência no próximo ano. Além disso, quase metade dos entrevistados admitiu que pretende fazer novas compras a prazo nos próximos três meses. As próximas compras serão de automóveis, eletrodomésticos, eletrônicos e imóveis.

Mas, para Marcos Arriel, o fato de o consumidor se endividar mais com a aquisição de supérfluos indica que é possível o controle financeiro. “Se o endividamento fosse com a aquisição de alimentos, a situação seria mais difícil fazer um controle e preocupante”, adverte. Nesse caso, basta ter mais organização financeira.

Ele explica que o primeiro passo é privilegiar o pagamento à vista, seguido por um bom planejamento financeiro. Basta apenas uma planilha mensal de gastos. Quem não pode pagar à vista, deve faze-lo com o mínimo possível de prestações para facilitar esse controle.

Quem já está endividado deve parar de consumir até ter a situação sob controle. “Hoje é Dia dos Namorados. Quem comprar o presente em dez parcelas, ainda estará pagando no Natal, quando terá vários gastos. É bom não olhar somente o valor da prestação, mas os juros da operação e a soma de todas as dívidas”, aconselha o economista.

Nacional

Em todo o País, setor varejista registrou, no mês de maio, um crescimento de 1,97% na inadimplência em relação a maio de 2012. Comparado ao mês de abril deste ano, houve um avanço de 2,22% do número de calotes, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), elaborada com base no levantamento feito junto com o Sistema de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e divulgada no dia de ontem.

Em maio, as vendas do varejo cresceram 2,24% sobre maio do ano passado. Em relação a abril de 2013 avançaram 1,59%. O aumento na comparação com igual período de 2012 é o menor para a nova série histórica, que começa em janeiro do ano passado. A pesquisa é resultado de consulta a mais de 150 milhões de cadastros de pessoas físicas (CPFs) em 800 mil pontos de vendas.

O crescimento de 2,24% das vendas no varejo em maio sobre igual mês de 2012 foi o menor em 16 meses, segundo levantamento da CNDL e do SPC Brasil, e reflete o aumento do custo de vida. “Tivemos um primeiro trimestre bastante pressionado pela inflação”, disse a economista do SPC Brasil Ana Paula Bastos.

Fonte: Jornal O Popular


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