Depois de atingir R$ 4,24, em novo recorde, cotação da moeda americana tem primeira queda
São Paulo - Em um dia marcado por variações extremas, o dólar à vista fechou ontem em baixa de 2,15%, cotado a R$ 4,046, perto da mínima do dia. Esta foi a primeira queda da cotação depois de cinco sessões consecutivas de alta da moeda norte-americana, que nesta semana superou a marca histórica de R$ 4.
Ontem, o mercado de câmbio teve dois momentos completamente distintos. Pela manhã, o mercado cedeu à aversão ao risco e levou o dólar à máxima de R$ 4,248 (+2,73%), em meio ao pânico nas mesas de operações. O movimento de alta teve forte componente especulativo, uma vez que os investidores repercutiam a aparente ineficácia das medidas do Banco Central e do Tesouro Nacional para conter o avanço do dólar e dos juros em meio às crises política e econômica.
O movimento de virada começou ainda pela manhã, a partir de declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação do BC. Tombini sinalizou que não haverá aumento da Selic por um período prolongado e garantiu que BC e Tesouro têm instrumentos adequados para conter as turbulências dos mercados. A fala de Tombini afastou as especulações de que o BC não estaria disposto a usar as reservas cambiais vendendo dólares no mercado à vista para conter o avanço das cotações, forte fator de tensão no mercado.
Dólar e juros perderam força imediatamente às declarações de Tombini, reforçadas mais adiante pelo diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira. A reação não foi maior devido aos ruídos no cenário político, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltando a defender a não participação do PMDB no governo. A presidente Dilma Rousseff, que anunciaria ontem a reforma ministerial, adiou a medida para a próxima semana, justamente devido às dificuldades com os partidos da base, especialmente o PMDB de Cunha.
A inversão de tendência foi definida no início da tarde e foi consolidada com o anúncio da realização de leilões diários de compra e venda de títulos pelo Tesouro. A instituição adotará, entre 25 de setembro e 2 de outubro, um programa diário de venda e compra de NTN-F. Adicionalmente, será realizado leilão de venda de LFT com vencimento em 1º de setembro de 2021.
Na prática, a iniciativa do Tesouro busca reduzir a pressão no mercado de juros que, por sua vez, vinha afetando também as cotações do dólar. No mercado futuro de câmbio, o dólar para liquidação em outubro caía 4,49% às 17 horas, cotado a R$ 4,002
Taxas de juros
Os juros negociados no mercado futuro terminaram ontem em forte queda, tendo as negociações suspensas por duas vezes. Como o dólar, a sessão de negócios de contratos de juros teve dois momentos completamente distintos, com forte alta pela manhã e forte baixa à tarde. Nos negócios com juros futuros na BM&FBovespa, as taxas dispararam e alguns vencimentos dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) atingiram o limite máximo de oscilação, tendo as negociações interrompidas.
O movimento de virada começou ainda pela manhã, a partir da fala de Tombini, que afastou as especulações de que a autoridade monetária poderia promover um choque de juros. A inversão de tendência foi definida no início da tarde e foi consolidada com o anúncio da realização dos leilões diários de compra e venda de títulos pelo Tesouro entre 25 de setembro e 2 de outubro. Segundo o Tesouro, o objetivo do programa é fornecer suporte e liquidez ao mercado de títulos públicos. O anúncio dos leilões aprofundou a queda das taxas, que mergulharam, levando a um novo travamento dos negócios - desta vez na ponta contrária à observada pela manhã.
Todos os principais vencimentos de DI a partir de janeiro de 2017 terminaram o call de fechamento no limite de oscilação, com queda de 80 pontos-base.
Fonte: Jornal O Popular