SÃO PAULO - O dólar comercial acelerou as perdas perto das 13h desta quinta-feira e recuou abaixo de R$ 2,18 pela primeira vez em três meses e meio. Esse movimento é ditado por uma série de fatores.
Um grande banco nacional estaria desfazendo posição comprada em dólar no mercado futuro, montada na semana passada. Além disso, o operador de câmbio de um banco estrangeiro notou uma “expressiva” venda perto das 13 horas, quando o Banco Central (BC) faz a última coleta do dia para calcular sua taxa de câmbio Ptax de fechamento. “Isso mostra que o pessoal está querendo derrubar a Ptax ou porque tem posição vendida em dólar ou porque está zerando posição comprada. Dos dois jeitos, o apelo pelo dólar hoje está realmente fraco”, diz.
Não bastassem esses fatores, o dólar tem firme queda no exterior ante outras divisas emergentes, influenciado pela esperança de que um acordo fiscal nos Estados Unidos. O Partido Republicano planeja apresentar um projeto para elevar durante seis semanas o teto da dívida do país. Uma autoridade da Casa Branca afirmou, contudo, que é preciso mais para romper o atual impasse.
Às 13h10, o dólar comercial recuava 1,31%, a R$ 2,1770, mínima intradia desde 27 de junho, quando também foi cotado nesse nível na mínima. O dólar para novembro recuava 1,50%, a R$ 2,1855.
Segundo o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, a perspectiva de ampliação do ciclo de aperto monetário, com a Selic podendo ir a 10% até o fim deste ano ou no ano que vem, deve fazer investidores repensarem suas posições em real.
“Hoje a queda certamente é mais por um ajuste, já que o mercado não contava com o BC mantendo a porta aberta para uma nova alta de 0,5 ponto em outubro. Mas, se a sinalização se mantiver essa, quem estava na dúvida sobre aproveitar ou não os juros parrudos deve refazer as contas e vir ao país. Isso, obviamente, vai se dar na forma de fluxo e pode levar o real a se valorizar ainda mais”, diz ele, sem precisar a que taxa o dólar pode chegar nesse cenário.
Com o aumento de 0,50 ponto percentual ontem, a Selic foi a 9,50% ao ano, uma diferença brutal em relação, por exemplo, ao juro praticado nos Estados Unidos, entre zero e 0,25%, e na zona do euro e no Reino Unido, de 0,50%.
(José de Castro | Valor)
Fonte: Valor