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Déficit das contas externas recua 20% até maio, para US$ 35,8 bilhões

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23/06/2015 - 08:03

Para 2015, BC baixou projeção de resultado negativo para US$ 81 bilhões.
Investimentos diretos no país caem 35%, para US$ 25,5 bilhões até maio.

O déficit das contas externas brasileiras somou US$ 35,82 bilhões de janeiro a maio de 2015 e, com isso, registrou queda de 20,2% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo números divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (22). Somente em maio, o resultado negativo totalizou US$ 3,36 bilhões, abaixo do déficit registrado no mesmo mês do ano passado (-US$ 7,87 bilhões).

O resultado em transações correntes, que é considerado um dos principais indicadores do setor externo brasileiro, leva em conta a balança comercial, os serviços (como gastos em viagens e transportes) e as rendas (como juros e remessa de lucros, entre outros).

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, avaliou que a melhora das contas externas, neste ano, está relacionada com o comportamento do câmbio (dólar mais alto torna as importações e o envio de remessas ao exterior mais caras) e, também, com o desaquecimento da economia brasileira. "Essa redução [do déficit em conta corrente] reflete o comportamento de diversas contas: a balança comercial, os serviços e as rendas", declarou ele.

Em todo o ano passado, o déficit em conta corrente somou US$ 104,83 bilhões, segundo dados revisados. Na proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador considerado mais adequado por economistas, somou 4,47% em 2014. Os números do ano passado foram revisados para se adequar a uma nova metodologia do Fundo Monetário Internacional (FMI). Até então, o BC informava que o déficit em conta corrente tinha somado US$ 90,9 bilhões, ou 4,13% do PIB, em 2014.

Para 2015, o BC revisou sua estimativa de um resultado negativo, já considerando as mudanças metodológicas nos indicadores do setor externo, para baixo. Passou a projetar um déficit de US$ 81 bilhões para este ano, o equivalente a 4,17% do PIB – patamar ainda elevado para padrões internacionais. Até então, a autoridade monetária previa um resultado negativo de US$ 84 bilhões (4,4% do PIB).

Investimento direto
O Banco Central informou ainda que o ingresso de investimentos diretos no Brasil somou US$ 6,6 bilhões em maio deste ano, com recuo frente ao mesmo mês do ano passado, quando totalizou US$ 9,63 bilhões.

Na parcial dos cinco primeiros meses de 2015, os investimentos foram de US$ 25,52 bilhões, com queda de 35% frente ao mesmo período do ano passado – US$ 39,33 bilhões. Com isso, os investimentos não foram suficientes, novamente, para "financiar" em sua totalidade o déficit das contas externas do período – que somou US$ 35,82 bilhões.

Em 2014, segundo números revisados por conta de mudança na metodologia das contas externas, os investimentos diretos no país somaram US$ 96,85 bilhões. Até então, o BC informava que os investimentos haviam somado US$ 62,4 bilhões.

Tulio Maciel, do Banco Central, avaliou que a queda de 35% nos investimentos estrangeiros diretos, até maio deste ano, tem relação com a crise hídrica, que gerou algum tipo de racionamento de energia elétrica, além da operação Lava Jato – que apura denúncias de desvios de recursos na Petrobras – assim como com o atraso na divulgação do balanço da empresa estatal. "À medida em que isso está sendo gradualmente deixado para trás, tende a influenciar favoravelmente ingressos [de investimentos diretos] no segundo semestre deste ano", acrescentou ele.

Para 2015, a previsão do BC, já considerando a nova metodologia, manteve a previsão de um ingresso de US$ 80 bilhões neste ano, valor que não seria suficiente, outra vez, para financiar o déficit em conta corrente deste ano – previsto em US$ 81 bilhões.

Financiamento do déficit externo
Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.

Economistas alertam, entretanto, que em um cenário de crescimento menor do PIB, de indicadores ruins das contas públicas e externas brasileiras, a atratividade da economia brasileira também é menor, o que pode significar um pouco mais de dificuldade no financiamento do déficit das contas externas.

O governo tem lembrado que as reservas internacionais brasileiras, acima de US$ 370 bilhões, conferem tranquilidade na administração das contas externas brasileiras.

Componentes das contas externas
A melhora nas contas externas, nos cinco primeiros deste ano, está relacionada, com seus três componentes: a balança comercial brasileira, a conta de rendas e também a de serviços.

Nos primeiros cinco meses de 2014, o déficit comercial (importações maiores do que vendas externas) foi de US$ 5,79 bilhões. No mesmo período deste ano, o saldo das transações comerciais com o exterior ainda permaneceu negativo, mas em menor proporção: -US$ 3,27 bilhões.

Além da balança comercial brasileira, dentro da conta de transações correntes também estão as rendas, que incluem, por exemplo, as remessas de lucros e dividendos (parcelas de lucros) ao exterior, e os serviços, que englobam as viagens de brasileiros ao exterior, seguros e aluguel de equipamentos, entre outros.

No caso das rendas primárias, o BC informou que foi registrado um déficit de US$ 16,04 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano, contra um resultado negativo de US$ 20,77 bilhões no mesmo período de 2014. Somente as remessas de lucros e dividendos ao exterior somaram US$ 6,97 bilhões de janeiro a maio de 2015, contra US$ 12,29 bilhões no mesmo período do ano passado.

A conta de serviços, por sua vez, que engloba os gastos de brasileiros no exterior, registrou um déficit de US$ 17,17 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano, contra o resultado negativo de US$ 19,05 bilhões no mesmo período de 2014.

Nova metodologia das contas externas
O Banco Central informou que passou a adotar, a partir da divulgação deste mês, estatísticas do setor externo em conformidade com o a sexta edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimento (BPM6), do Fundo Monetário Internacional (FMI) - já adotado por várias economias ao redor do mundo.

Um dos principais impactos da implementação do chamado BPM6 acontece nos investimentos diretos no país. Segundo o BC, empréstimos intercompanhia, de filiais brasileiras no exterior para a matriz, localizada aqui no país, antes eram considerados como investimento brasileiro no exterior.

Agora, passam a ser considerados como investimento direto no Brasil, pois os valores estão ingressando na economia brasileira. Com a mudança, a previsão do Banco Central, para os investimentos diretos em todo este ano, passou de US$ 65 bilhões (previsão feita em março), saltou para US$ 80 bilhões neste mês.

No caso do déficit em transações correntes, cujo valor também ficou maior com a mudança metodológica, o Banco Central explicou que novas "rubricas" passaram a fazer parte do resultado, como os chamados "lucros reinvestidos" - ou seja, os lucros auferidos por empresas estrangeiras instaladas no Brasil.

A parte do lucro que não é remetida ao exterior, ou seja, que é reinvestida no Brasil, amplia o capital da empresa e passa a ser contabilizada como pagamento a não residente, e, com isso, passa a integrar o déficit em conta corrente, explicou o BC. Os juros da dívida doméstica pagos a não residentes também passaram a integrar o déficit em conta corrente.

Fonte: G1

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