Presidentes de Rússia, Índia, Brasil, China e África do Sul: acordo
O Brasil teve de ceder à Índia a presidência do novo Banco de Desenvolvimento dos Brics, grupo formado também por Rússia, China e África do Sul, para tirar a instituição do papel.
A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem, ao final da cúpula do grupo de países emergentes, em Fortaleza (CE), a fundação do banco, com US$ 50 bilhões de capital para financiar projetos de infraestrutura no Brics e em outros países em desenvolvimento. O montante pode ser ampliado para US$ 100 bilhões.
“O banco dos Brics é sinal dos tempos”, disse Dilma. “Os tempos exigem um novo arcabouço financeiro mundial, com a reforma do FMI e Banco Mundial e a criação do Banco do Brics e do Arranjo Contingente de Reservas (mecanismo para socorrer países com dificuldades na balança de pagamentos)”.
A Índia exigia ter a sede do banco. Mas a China não abriu mão de ter a instituição em Xangai. O governo brasileiro vinha falando que o Brasil seria o primeiro a presidir o banco. Mas teve de abrir mão.
“O importante era fazer o banco acontecer, o resto é secundário”, disse uma autoridade do governo envolvida nas negociações. “A Índia não ia arredar o pé, nem a China.” A criação do banco depende agora da aprovação dos Congressos dos países. O governo brasileiro trabalha com a expectativa de o banco começar a operar em 2016.
A solução foi salomônica. A África do Sul ganhou um escritório regional (assim como Brasil). A Rússia fica com a presidência do Conselho de Ministros, que vai supervisionar as diretrizes do banco, instância mais simbólica e sem grande relevância.
E o Brasil ficou com a presidência do Conselho de Administração. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o órgão traça planos de investimento e expansão, entrada de novos membros e alavancagem.
O mandato do presidente é de cinco anos, rotativo entre os membros. Após a Índia, o Brasil terá a chance de comandar a instituição.
Primeira presidência
Em entrevista, Dilma minimizou a importância de o Brasil perder a chefia do órgão. “A Índia foi quem propôs a criação do banco do Brics, da mesma forma que o Brasil fez a proposição da reserva de contingência. Nada mais justo que a Índia detivesse a primeira presidência”, declarou.
Mantega foi na mesma linha. “Vocês estão olhando quem vai ser o primeiro presidente, segundo presidente, isso não tem a menor importância. Tem importância quem tem o controle acionário. Nesse caso, ninguém tem, ele é dividido por igual entre os cinco países.”
Os chefes de Estado também formalizaram o Acordo Contingente de Reserva, uma espécie de fundo de salvaguarda para os países, com US$ 100 bilhões.
Os líderes anunciaram ainda um fundo especial de investimento, administrado pelo banco do Brics, mas com maioria de capital chinês.
Fonte: Jornal O Popular