O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), minimizou sua influência sobre as votações da Casa, responsável por seguidas derrotas do governo Dilma Rousseff, e afirmou estar ciente do impacto de "sinais equivocados" dos deputados na economia do país.
Em sua conta no Twitter, neste domingo (9), o peemedebista ainda alfinetou o Palácio do Planalto, ao afirmar que não cabe a ele "constituir a maioria que o governo não tem para vencer votações". Ele negou ser "vilão das contas públicas", diante de uma pauta-bomba em análise na Casa.
Para Cunha, a "verdade nua e crua" é que não existe uma base de congressistas aliados aos interesses do Executivo."Presidente da Câmara não é o dono da Câmara e nem do voto dos deputados", escreveu.
Investigado na Operação Lava Jato, Cunha declarou no mês passado seu rompimento com o governo Dilma.
A expectativa é que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereça denúncia contra ele ao STF (Supremo Tribunal Federal) neste mês. Cunha foi apontado pelo lobista Julio Camargo como destinatário de propina de US$ 5 milhões, o que o deputado nega.
Na última sexta (7), a Câmara dos Deputados pediu ao Supremo, em documento assinado pela AGU (Advocacia-Geral da União), a anulação de provas recolhidas no interior da Casa contra Cunha, nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras.
O presidente da Câmara negou ter tido participação na iniciativa da AGU.
A busca ocorreu em maio após a Folha revelar que o nome de Cunha aparece como autor dos arquivos onde foram redigidos requerimentos que delatores do esquema dizem comprovar seu envolvimento com o escândalo.
Na ocasião, procuradores foram até o sistema de informática da Casa e fizeram cópia do material, mas não chegaram a apreender nem levar nada do local.
Um dos argumentos apresentados pelo advogado-geral da União substituto, Fernando Luiz Albuquerque Faria, é de que a "devassa" no sistema de informática da Câmara feriu a imunidade do Parlamento, assegurada pela Constituição.
Fonte:Folha de S.Paulo