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Crédito: desconfiança deve prejudicar retomada

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05/05/2014 - 10:03

São Paulo - Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenha reforçado na semana passada que o crédito ao consumo deve se recompor este ano e ajudar a recuperar a economia doméstica, dados recentes mostram que a demanda dos brasileiros por crédito recua e que, assim como ocorre com as empresas, falta confiança ao brasileiro para a tomada de financiamento. A Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), divulgou que a busca do consumidor por crédito teve um recuo de 1,1% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2013. Levantamento similar feito pela Serasa Experian já havia indicado queda de 3,2% na procura por crédito, na mesma base de comparação.

“O crédito não vai ser um dos principais impulsionadores do consumo neste ano. Tem todo um cenário que mostra isso”, afirma o economista Wermeson França, da LCA Consultores. Ele explica que, do lado da oferta, o ciclo de aperto monetário iniciado pelo governo no ano passado já tem pressionado as taxas de juros para empréstimo. Além disso, os prazos para financiamento não estão tão elásticos como no passado e os bancos estão mais criteriosos na hora de liberar recursos, concentrando-se nas linhas de menor risco. “Por conta disso, há uma oferta mais restrita.”

Ambiente complicado

Para reverter a situação, no entanto, não bastaria convencer o setor bancário a abrir a mão. “O ambiente para o lado das famílias também está bastante complicado”, diz João Moraes, analista da Tendências Consultoria. “O mercado de trabalho está fraco, principalmente no que se refere ao aumento da renda. A inflação está alta e fechará o ano acima do resultado de 2013. Não há nenhuma variável macroeconômica explicativa de consumo que tenha uma perspectiva positiva.”

A percepção é reforçada pelo Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que caiu 0,8% em abril, para 106,3 pontos, menor nível desde maio de 2009. Segundo a entidade, o dado preocupa e retrata a insatisfação das famílias com a situação econômica.

“O consumidor está desanimado e inseguro, o que pesa bastante do lado da demanda”, afirma França, da LCA. “É difícil esperar que o crédito assuma o mesmo papel que em anos anteriores. Para que isso aconteça, seria preciso haver um processo de desalavancagem das famílias e um crescimento maior da renda.”

Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostrou que o comprometimento da renda do brasileiro manteve-se estável nos últimos três meses, em 30,9%, mas está num patamar superior ao verificado em abril do ano passado, de 29,9%. Dado do Banco Central relativo a fevereiro indica que 21,7% da renda do brasileiro está comprometida com o pagamento de dívidas bancárias. “O número é maior que o de países como os Estados Unidos”, diz França.

Ele também destaca que muitos incentivos que foram dados nos últimos anos, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), estão sendo gradativamente retirados para contribuir com o esforço fiscal. “Os produtos estão mais caros que em anos anteriores. É mais um elemento que desencoraja a tomada de crédito”, afirma.

Fonte: Jornal O Popular


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