Em reunião ontem, governo tentou convencer centrais sindicais de criar alternativa à fórmula 85/95, mas não foi ouvido
Brasília – Após uma tensa reunião de quase duas horas, ontem no Palácio do Planalto, governo e centrais sindicais não conseguiram chegar a um acordo sobre uma alternativa ao fator previdenciário, criado no governo Fernando Henrique Cardoso para desestimular aposentadorias precoces.
A presidente Dilma escalou os ministros Carlos Gabas (Previdência), Nelson Barbosa (Planejamento), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral) para ouvir o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, sobre a possibilidade de desenvolver em conjunto uma alternativa à fórmula 85/95, apresentada pelo Congresso Nacional como flexibilização do fator previdenciário.
Durante a reunião, o ministro Carlos Gabas apresentou números que devem embasar um provável veto às modificações – caminho visto nos bastidores como a decisão que deve ser tomada por Dilma.
Segundo as contas apresentadas por ele, nos próximos 15 anos o gasto extra do governo com as aposentadorias pode bater nos R$ 185 bilhões. Até 2060, Gabas alegou que a projeção é que a fatura chegue a R$ 3,22 trilhões.
Mas não adiantou. Apesar da insistência dos ministros, os representantes das centrais disseram que só vão debater alternativas no fórum criado para tratar do tema depois que a presidente sancionar a nova fórmula.
“Primeiro ela sancione, depois as centrais vão debater alternativas”, afirmou o presidente da Força ao final do encontro. “Faço um apelo à presidente, que ela não vete, que ela corrija essa distorção (do fator previdenciário). Ela tem a oportunidade de fazer esse bem aos trabalhadores”, concluiu.
Dilma tem até amanhã para vetar ou não a fórmula 85/95, que permite a aposentadoria com valor integral do benefício quando a soma da idade e do tempo de contribuição do trabalhador for 85 para mulheres e 95 para homens.
Os representantes das centrais afirmam ainda que são contrários à proposta de estabelecimento de uma idade mínima para aposentadoria, que chegou a ser ventilada pelo governo, mas que nenhuma proposta foi feita.
“O governo não apresentou proposta nenhuma. O governo queria saber a opinião das centrais e não quis dizer a sua opinião”, disse Vagner Freitas.
Filiado ao PT, partido de Dilma, o presidente da CUT disse que é “essencial” que a fórmula 85/95 seja sancionada. “Vai vetar para quê? Para conseguir algo melhor?”, ironizou Freitas.
Vigília
Segundo Miguel Torres, presidente da Força, as centrais sindicais estão convocando uma vigília a partir da noite de hoje, em frente ao Palácio do Planalto, como forma de pressionar para que Dilma não vete a nova fórmula.
Fonte: Jornal O Popular