Agência rebaixou nota do Brasil, mas manteve grau de investimento.
Após abrir em alta e passar a operar o vermelho no início desta tarde, a Bovespa retomou a trajetória de recuperação e fechou em alta, após a Fitch Ratings cortar a nota do Brasil para "BBB-", alertando que o país pode em breve perder o grau de investimento pela agência.
O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, subiu 0,96%, a 47.159 pontos. Veja cotação.
Na semana, a bolsa acumula queda de 4,42% e no mês, alta de 4,66%. No ano, há desvalorização de 5,7%.
Perto do horário de fechamento, a Vale e Petrobras tinham alta perto de 1%. O setor de bancos, na outra ponta, minimizava a tendência de alta, com as ações do Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco no vermelho.
A alta foi sustentada pelo otimismo nos mercados externos, minimizando efeitos da notícia do corte da nota de crédito do Brasil por mais uma agência internacional de risco.
A Fitch cortou a nota de crédito do Brasil de "BBB" para "BBB-", último degrau que garante o chamado grau de investimento, enquanto manteve a perspectiva negativa no novo rating.
"O rebaixamento já era esperado", disse à Reuters o gestor Joaquim Kokudai, da JPP Capital, explicando a reação inicial quase indiferente da bolsa ao anúncio.
"Há o alívio de que o corte não foi em dois degraus, o que tiraria o grau de investimento, embora a perspectiva negativa adicione alguma pressão", afirmou, lembrando, contudo, que a própria Fitch sinalizou que isso pode demorar até dois anos.
Antes do anúncio, o índice de referência sustentava tendência de alta amparada nos ganhos de bolsas no exterior. Em Wall Street, dados econômicos e balanços corporativos ocupavam o foco.
Segundo o operador de uma corretora em São Paulo, que pediu para não ter o nome citado, a considerar o fluxo de estrangeiros neste mês a Bovespa deveria ter melhorado muito mais. "Mas a parte política está pesando demais", ressaltou à Reuters.
Dados da BM&FBovespa mostraram que o saldo de capital externo na bolsa em outubro superava R$ 3,15 bilhões até o dia 13, com entradas líquidas em praticamente todas as sessões do mês - a exceção foi o dia 1º.
Destaques do dia
A Ambev avançou 3,86%, endossando o fechamento positivo do Ibovespa, em meio a movimento de correção após queda de 7% nos últimos dois pregões na esteira de incertezas sobre o impacto do acordo fechado por sua controladora Anheuser-Busch InBev para adquirir a rival SABMiller, em operação de mais de US$ 100 bilhões.
A Petrobras reagiu na última hora de pregão, fechando com alta de 1,05% nos papéis ordinários (que dão ao acionista direito a voto em assembleias da empresa) e de 0,5% nas preferenciais (que dão preferência na distribuição de dividendos), após passar boa parte da sessão pressionada pelo declínio dos preços do petróleo. Também repercutiam entre analistas as decisões da estatal de autorizar busca de parceiro estratégico para BR Distribuidora e de interromper análise de oferta de debêntures.
A Vale também reverteu as perdas de boa parte da sessão e terminou com as preferenciais em alta de 1,65% e as ações ordinárias com acréscimo de 1,44%, apesar de os preços à vista do minério de ferro na China terem recuado nesta quinta-feira, atingindo o menor patamar desde o fim de agosto. Após a decisão sobre o rating soberano, a Fitch ajustou notas e perspectivas de várias empresas brasileira, com a nota da Vale não sendo alterada, apenas sua perspectiva, para "negativa" de "estável".
No setor de bancos, Itaú Unibanco caiu 1,66%, pressionado após a decisão da Fitch sobre a nota de crédito do país, uma vez que papéis de bancos são vistos como os mais sensíveis a decisões de ratings. Bradesco cedeu 0,35% e Banco do Brasil recuou 1,43%. Santander Brasil foi exceção do setor no Ibovespa com alta de 1,01 por cento. O papel está na lista de ações difíceis de encontrar para aluguel, o que pode levar a movimentos de cobertura de posições.
Fonte: G1