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BC: autoridade monetária usa a Selic para combater alta dos preços

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14/02/2014 - 09:41

SÃO PAULO E CURITIBA  -  Enquanto o mercado tentava decifrar as palavrar do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini — que disse, em entrevista à revista Exame que a autoridade monetária vai ajustar seus instrumentos para trazer a inflação para baixo –, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, reforçou que a Selic é o instrumento que o órgão possui para combater o aumento de preços.

Mesmo com a inflação de janeiro tendo fechado abaixo do esperado pelos analistas, Hamilton afirmou que os níveis seguem elevados e não parecem convergir para o centro da meta até o fim de 2015.

“Desde abril, a taxa Selic vem sendo aumentada e é esse o instrumento que o BC dispõe para lidar com a questão inflacionaria”, afirmou o diretor, durante apresentação do Boletim Regional do BC, em Curitiba (PR).

Questionado sobre quais instrumentos Tombini se referia, Hamilton evitou comentar as declarações do chefe. “Prefiro focar nessa parte em que ele diz que temos ajustado a taxa de juros para enfrentar a inflação”, disse.

Segundo Hamilton, as projeções da autoridade monetária apontam “inflação acumulada em 12 meses elevada no horizonte relevante da política monetária” (em torno de dois anos), mas com tendência de recuo. No cenário internacional, os riscos para a estabilidade financeira global seguem elevados.

Copom

Em relação à inflação de janeiro, o diretor disse que o número abaixo do esperado pelo mercado é um fator positivo, mas o horizonte com o qual a autoridade monetária trabalha é mais longo.

De acordo com o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,55% no mês passado, ante expectativa de 0,62%. Depois da divulgação desse dado, ganhou força a aposta de que a Selic possa subir 0,25 ponto percentual, em vez do consenso que indica elevação de 0,50 ponto.

A Selic está, atualmente, em 10,50% e o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana, para definir o patamar dos juros.

“Nós tomamos decisões olhando para um horizonte de um, dois anos. É um número importante [o IPCA de janeiro], mas parte disso se deveu a dados pontuais, como passagem aérea”, afirmou.

O diretor do BC afirmou, ainda, que a visão da autoridade monetária é a de que a inflação de preços administrados se aproximará mais da de preços livres. “A inflação dos administrados passaria neste e no próximo ano a 4,5%”, completou.

Consumo

Ao apresentar os dados do boletim, Hamilton reiterou que a economia brasileira está em um momento de transição, com moderação no consumo das famílias, pelo lado da demanda e um crescimento na produção industrial compensando a moderação no setor de serviços, pelo lado da oferta.

“Essa moderação ainda não se observou no caso do consumo do governo. Quanto mais disciplina (fiscal), melhor no combate à inflação, é essa a nossa visão. Agora, a nossa hipótese é de neutralidade do balanço do setor público”, afirmou. 

O diretor disse que o consumo deverá continuar crescendo, mas a taxas menores do que as observadas nos últimos anos.

Questionado sobre a forte volatilidade no mercado de juros nos últimos tempos, o diretor do BC afirmou que essa situação já estava, há algum tempo, no radar da autoridade monetária.

“Já chamávamos atenção para essa possibilidade no relatório de março do ano passado. Estamos em um processo de ter um ambiente mais volátil, mas as ações do BC estão contribuindo para que esse ajuste seja mais gradual. A minha visão é a de que o Brasil está bem preparado para enfrentar essa volatilidade nos mercados globais”, disse.

Crescimento econômico

No boletim regional, o Banco Central avaliou que o ritmo de crescimento da economia brasileira se intensificou no fim do ano passado e que isso se deve, especialmente, ao maior dinamismo das economias do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

“Delineiam-se, para os próximos trimestres, perspectivas de continuidade de expansão da atividade, em ambiente de perspectivas mais favoráveis ao cenário econômico global”, diz o relatório.

Para sua análise, o BC utiliza a medição de seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que cresceu 0,3% no trimestre encerrado em novembro, na comparação com o trimestre encerrado em agosto. Amanhã, o BC informa o IBC-Br de dezembro e o dado fechado de 2013.

Sudeste

No Sudeste, a evolução recente da atividade econômica foi impulsionada pela recuperação do setor industrial e pelo crescimento do setor de serviços e das vendas do comércio, diz o BC. O IBC da região aumentou 0,7% no trimestre encerrado em novembro, na comparação com o anterior, acumulando crescimento 1,4% no intervalo de doze meses até novembro.

“Para 2014, as perspectivas incorporam impactos da depreciação cambial sobre exportações e competitividade da indústria regional, em cenário de manutenção do dinamismo da demanda doméstica, para o que deverá contribuir os investimentos em infraestrutura em andamento”, diz o BC.

Sul

A economia do Sul cresceu 0,5% no trimestre encerrado em novembro, ante o anterior. A recuperação em relação ao recuo de 3,0% no trimestre finalizado em agosto refletiu, em especial, resultados positivos na atividade varejista e industrial (com destaque para os segmentos de metalurgia básica — 8,1% — e máquinas e equipamentos — 7,4%).

Para 2014, as expectativas devem considerar expansão modesta da atividade agrícola e, por outro lado, o impacto da recuperação das economias desenvolvidas sobre as exportações da região.

Centro-Oeste

No Centro-Oeste, a economia se expandiu 0,9% no período, na comparação com o trimestre anterior, quando aumentou 0,2%, por conta do desempenho da agricultura. Mas houve moderação na atividade industrial e na varejista, anotou o BC.

“As perspectivas indicam expansão da economia do Centro-Oeste em 2014, com manutenção da renda agrícola e seus efeitos sobre o mercado interno da região”, diz o boletim regional.

Norte

A expansão da economia do Norte arrefeceu no trimestre encerrado em novembro, com alta de 0,5%, ante 2,9% no trimestre anterior. Mas cresceu acima da média do país por conta da indústria extrativa, da construção civil, do comércio varejista e das operações de crédito.

A região deve ser beneficiada por um ritmo mais intenso da economia mundial, sobre as exportações de produtos básicos; e pela manutenção do dinamismo do mercado de trabalho. O setor industrial, após desempenho negativo em 2013, tende a ser estimulado pelo aumento da demanda por produtos fabricados na zona franca de Manaus.

Nordeste

O ritmo moderação de expansão da atividade econômica do Nordeste persistiu nos meses recentes, passando de queda de 0,3% para aumento de 0,3% nos períodos relatados pelo BC. “As perspectivas para 2014 deverão ser favorecidas pela recuperação da agropecuária, negativamente impactada pela seca dos últimos dois anos, que atingiu a região, e pelos impactos de investimentos públicos e privados”, afirma o BC em seu relatório.

Fonte: Valor


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