Insatisfeita com negociação salarial com a Fenaban, categoria deve parar por tempo indeterminado
Além der ser o quinto dia do mês e início de semana, as agências bancárias da capital também estiveram lotadas ontem por consumidores que temiam a greve dos bancários, que começa hoje. Para garantir o pagamento dos débitos, o goianiense aguardava o atendimento, que ultrapassou uma hora de espera nos momentos de pico.
De acordo com o Sindicato dos Bancários do Estado de Goiás, a paralisação deve ser por tempo indeterminado. Ela vai acontecer em todo o País, coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Questionado sobre o período da greve, que coincide com o mesmo de anos anteriores, o presidente do sindicato, Sergio Luiz da Costa, explica que setembro é a data-base da categoria - neste ano, as negociações vêm sendo realizadas desde o dia 20 de agosto. Contudo, a categoria rejeitou a proposta apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reajuste salarial de 5,5% e abono de R$ 2.500.
“A atitude da Fenaban é irresponsável. Por isso, a assembleia realizada na última quinta-feira determinou a paralisação de todos os bancos, públicos e privados. A expectativa é que, a partir de hoje, todas as agências do Estado paralisem os atendimentos, acompanhando o movimento nacional”, afirma.
Segundo Costa, é inadmissível que, enquanto a inflação nos últimos 12 meses acumula 9,98%, as instituições financeiras ofereçam reajuste salarial de 5,5% aos bancários. “Os bancos tiveram um crescimento de 27,3% em relação ao ano passado, somando lucros de R$ 36,3 bilhões. Mas isso foi graças ao esforço dos empregados, que não ganham reconhecimento à altura”, diz.
Reivindicações
As principais reivindicações da categoria são reajuste salarial de 16%, considerando a inflação de setembro de 2014 a agosto de 2015, mais 5% de aumento real. Além disso, PLR equivalente a três salários mais R$ 7.246,82. Também são exigidos piso de R$3.299,66, vales alimentação e refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá de R$ 788 mensais.
Ainda são reivindicados melhores condições de trabalho, fim das metas abusivas e assédio moral, além da garantia do emprego. “Queremos o fim das filas com mais contratações de bancários, e combate às terceirizações e Plano de Cargos e Salários (PCS) para todos os profissionais. Além da luta pela igualdade de oportunidades com o fim das discriminações nos salários”, diz Costa. Ainda segundo o presidente do Sindicado dos Bancários de Goiás, serviços de atendimentos personalizados não estarão disponíveis até o encerramento da greve.
No momento, não há previsão de modelo de rodízio entre as agências e funcionários. “A expectativa é de que haja paralisação por completo em todo o Estado. Essa será uma das greves mais fortes, pois há uma grande distância entre o que pedimos e o que foi oferecido”.
Direitos
O advogado especialista em direitos do consumidor, Dori Boucault, afirma que, perante a lei, os bancos são responsáveis sobre a má prestação de serviços aos clientes e ao público em geral. Por isso, mesmo em greve, precisam adotar um plano B para não prejudicar o consumidor.
“Pode fazer revezamento de funcionários. Os serviços primordiais devem ser disponibilizados de forma contínua. As pessoas não têm culpa dos motivos que levaram à definição da greve, que sempre ocorre próxima às datas de pagamento e recebimento de salários”, pondera Boucault.
“ Os serviços primordiais devem ser disponibilizados de forma contínua. As pessoas não têm culpa dos motivos que levaram à definição da greve, que sempre ocorre próxima às datas de pagamento e recebimento de salários”
Dori Boucault, advogado especialista em Direito do Consumidor
Fonte: Jornal O Popular