SÃO PAULO - Caixa, Banco do Brasil e BNDES estão, segundo a Fitch, vulneráveis à deterioração da qualidade dos ativos no próximo ano e devem ter os seus lucros pressionados.
“Os resultados do terceiro trimestre para os três grandes bancos públicos reforçam nossa expectativa que haverá uma gradual deterioração na qualidade dos ativos no próximo ano”, avalia a Fitch, em relatório, destacando, em especial, a expansão dos índices de inadimplência da Caixa e do Banco do Brasil.
Em relatório, a agência lembrou que os três bancos públicos brasileiros estão lutando com um cenário econômico desafiador, o que já resultou em uma redução do crescimento dos empréstimos da Caixa e do BB.
Mesmo assim, o recuo do crédito na Caixa e no Banco do Brasil é consistente com a expectativa da Fitch, uma vez que uma menor demanda por empréstimos se antecipou em meio a um cenário de menor expectativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB).
A Fitch destaca que esse movimento de mais lentidão pode beneficiar os índices de capital dos bancos. “Os índices de capital dos três bancos públicos estão adequados e, na nossa visão, um crescimento relativamente baixo dos empréstimos irá facilitar pressões nos índices daqui pra frente”, afirma a agência no relatório.
A Caixa terminou o terceiro trimestre com um índice de 12,9% de capital nível 1. O Banco do Brasil, que terminou com um percentual de 9,3% de capital nível 1. No entanto, o BB irá se beneficiar da recém anunciada joint venture com a Cielo.
A agência também espera que os lucros dessas instituições deverão ser pressionados no próximo ano, especialmente por conta do modesto crescimento da economia.
A lucratividade deve ser afetada especialmente se houver uma maior deterioração da economia com aumento do nível de desemprego. Esse aspecto, no entanto, afetaria mais o desempenho do Banco do Brasil e da Caixa, que são mais expostos ao varejo. Já o BNDES é mais exposto a uma mudança em setores como infraestrutura e indústria.
Mesmo com esse cenário ainda sob controle, a Fitch acredita que um retorno a um alto nível de crescimento do crédito ou uma pior geração interna de capital poderá engatilhar a necessidade de suporte do governo.
Fonte: Valor Econômico