Após caírem 6% na quarta-feira, as Bolsas chinesas ensaiaram uma recuperação ontem e fecharam em alta. O índice composto de Xangai, que vinha de uma queda de 5,9% na sessão anterior, teve valorização de 5,76%. Já o índice CSI300, que reúne as maiores empresas listadas nas Bolsas de Xangai e de Shenzhen, fechou em alta de 6,4%. Na sessão anterior, o índice havia caído 6,75%.
O pânico na China ocorre em meio à preocupação crescente dos investidores de que os preços das ações tenham atingido patamares injustificáveis, com estouro iminente de uma “bolha”. E de acordo com especialistas, o mercado brasileiro pode ser afetado por essas turbulências, principalmente, de duas maneiras.
De um lado, a queda da bolsa chinesa contribuiria para aumentar a percepção de risco no mercado internacional, já abalada pela crise na Grécia. Como resultado, os investidores tendem a fugir dos mercados emergentes ou a cobrar um preço maior para colocar dinheiro nesses países.
A queda do real frente ao dólar na quarta-feira, quando a moeda americana chegou a R$ 3,22, já seria um reflexo desse movimento de fuga dos ativos e moedas emergentes. Ontem não houve cotação no mercado brasileiro por conta de feriado no Estado de São Paulo.
Além disso, especialistas apontam um impacto importante sobre o preço das commodities e as exportações brasileiras no médio prazo. Hoje, o minério de ferro, a soja e seus derivados representam um quarto das vendas externas do Brasil – e a China é, de longe, o principal mercado para esses produtos.
“Por isso, essas turbulências podem atrapalhar a recuperação da balança comercial brasileira em um momento em que o País procura retomar o crescimento”, pondera André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Na noite de quarta-feira, a agência que regula o mercado de capitais da China proibiu acionistas com participações superiores a 5% de venderem seus papéis nos próximos seis meses, numa tentativa de conter a queda nos preços das ações que está começando a causar turbulências nos mercados financeiros globais.
Fonte: Jornal O Popular