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Alta do CDI reforça aperto monetário

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14/10/2013 - 09:57

Por Lucinda Pinto e Angela Bittencourt | De São Paulo

O aperto monetário implementado pelo Banco Central (BC) e que prosseguiu na semana passada ganhou um reforço extra: a disparada do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). Nos últimos dias, o movimento dessa taxa, que representa o custo médio das operações de financiamento entre bancos, subiu mais um degrau e, em consequência, puxou para cima as taxas dos contratos de juros futuros na BM&F, que têm o CDI como referência. Uma vez que operações de crédito públicas e privadas são calculadas a partir do referencial, o resultado prático do movimento é comparável a uma elevação adicional do juro básico.

A nova onda de volatilidade do CDI começou em 25 de setembro, quando a taxa foi a 8,81%. Ela logo retornou ao nível anterior, de 8,70%. Até que, no começo de outubro, por causa da nova metodologia da Cetip, responsável pelo cálculo, o CDI voltou a subir até 8,85%. Um novo salto ocorreu após a alta da Selic pelo Copom e a taxa fechou quinta-feira em 9,36%.

A oscilação parece discreta, mas provocou correção importante nos contratos de juros futuros de curto e médio prazo. E justamente nos dias anteriores à reunião do Copom, quando agentes buscam embutir nos preços a expectativa para a decisão. Na prática, é como se a Selic tivesse subido 0,66 ponto, e não só o 0,50 ponto percentual acrescentado ao juro básico.

Mas o que deixou o mercado intrigado é o fato de uma única operação ter sido capaz de puxar para cima a taxa. Segundo relato de profissionais, a transação no interbancário foi feita entre duas grandes instituições públicas, que há vários dias já vinham atuando dessa forma e a taxas acima da praticada pelas demais instituições. Por ser um volume financeiro grande diante do encolhido mercado - ao redor de R$ 1,8 bilhão, dentro de um giro total de pouco mais de R$ 2 bilhões -, a operação foi capaz de puxar para cima a média. Para se ter uma ideia, na quinta-feira após a decisão do Copom, o CDI ficou em 9,36%, bem acima da taxa mínima do dia, de 8,80%.

Inúmeras razões podem levar uma instituição, pública ou privada, a tomar dinheiro emprestado repentina e temporariamente a uma taxa mais elevada que a média. O fato é que o comportamento desses bancos públicos no interbancário, especialmente na última semana, reforça (intencionalmente ou não) o objetivo e a necessidade da autoridade monetária de conter a inflação.

Outros pontos no recente movimento intrigam o mercado. Um é a constatação de que a transação fechada a uma taxa mais alta produzia pouco efeito no cálculo da taxa média do CDI porque a Cetip expurgava taxas que fugiam do padrão (havia corte de 5% das propostas). Mas essa regra mudou no dia 7. Desde então, todas as operações entram na conta.

Outro ponto: a média do CDI passou a ser idêntica à máxima. Uma possibilidade pelos especialistas é que, como o número de operações caiu quase à metade (de 20 para 9 ou 10), as operações a taxas muito inferiores deixaram de ser realizadas. Esses especialistas não veem, porém, razões objetivas que expliquem o súbito encolhimento dos negócios.

Na prática, o que se viu nesses dias e que desperta intenso debate nas mesas de operações foi a volta a um padrão anterior a janeiro de 2012. O chamado descolamento entre duas taxas referenciais de juros de extrema importância - Selic e CDI, garantidas, respectivamente, por títulos públicos e privados negociados no país - retornou a quase zero, como era um ano e meio atrás.

Esse descompasso, de cerca de 0,20 ponto percentual a menos para o CDI ante a Selic, tornou-se fonte de preocupação do mercado entre o terceiro e o quarto trimestres de 2012, quando as duas taxas, antes equilibradas, começaram a se afastar, trazendo distorções e perdas potenciais a investidores. O segmento de transações interbancárias, estreito no Brasil, tem destaque por ser o CDI não só um instrumento utilizado pelos bancos para emprestar recursos entre eles, mas também representar o indexador de cerca de R$ 1,5 trilhão de títulos, como debêntures e Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), nas mãos de investidores.

Sempre que a taxa do CDI é inferior à da Selic, o investidor tem suas aplicações corrigidas por variações menores, o que deixa de ocorrer quando as taxas de referência se aproximam. Essa aproximação, que para um especialista com experiência no setor público e privado deve permanecer, permite que o aplicador tenha remuneração mais justa de um lado. De outro, o custo do dinheiro em todo o sistema tende a ficar mais caro, porque os bancos pagarão mais para se financiar e cobrarão mais pelo crédito concedido e também exigirão, por exemplo, taxas de juros mais atraentes do Tesouro para adquirir títulos públicos.

Fonte: Valor


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