Rendimento vai passar de R$ 724 para R$ 779, 79, valor abaixo do projetado pelo governo, que ficaria acima de R$ 800
O que você faria com R$ 55 a mais no seu salário? Daria para pagar a conta do celular pré-pago ou fazer a feira da semana? Quem sabe poderia comprar o ovo de chocolate para a Páscoa dos filhos (desde que não seja do modelo maior nem daquele com brinquedinhos que estão na moda). No que depender do governo federal, este será o próximo reajuste do salário mínimo nacional, que passaria dos atuais R$ 724 para R$ 779,79, em janeiro de 2015 - aumento de 7,7%.
Para cerca de 45 milhões de trabalhadores no País (ou 1,4 milhão em Goiás) que têm o mínimo como referência, a alteração parece irrisória. Para os empresários, nem tanto. É um reajuste maior do que o do ano passado (quando o salário subiu R$ 46 ou 6,78%). Mas não alcança o que fora previsto inicialmente pelo governo que, em 2012, projetava um valor acima dos R$ 800 para 2015.
Na época, não se esperava uma queda tão brusca no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) como se deu nos últimos anos. Para calcular o porcentual de aumento do salário mínimo, o governo leva em consideração o índice inflacionário (INPC) do ano anterior junto com o crescimento do PIB de dois anos antes.
Independente da fórmula utilizada, na prática, o trabalhador não consegue sentir alívio na alteração do salário. O embalador João Paulo Santos, 21 anos, recebe o mínimo como remuneração básica (mais R$ 100 de gratificação por assiduidade) e acredita que o acréscimo será “engolido” pelo aumento generalizado que sempre ocorre no início do ano. “Às vezes, a gente fica no prejuízo, porque aumentam R$ 55 no salário, mas a gente passa a gastar R$ 100 a mais nas despesas”, opina o jovem, que ajuda a mãe pagando as contas de água e energia.
A gerente da loja de brinquedos Brink Forte, Andréa Galvão, diz que cada novo aumento representa um forte impacto para a empresa já que, dos menores aos maiores cargos, todos são baseados no mínimo. Além disso, afirma que o aumento nas vendas não é proporcional ao aumento dos custos da loja. “Não há como repassar todo esse impacto para o consumidor, porque nossas margens são cada vez menores”, frisa a gerente.
O porcentual de reajuste de 7,7% para o salário mínimo em 2015 está na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada ao Congresso Nacional pelo governo e depende ainda de discussões e aprovação. Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Goiás (Sindilojas), José Carlos Palma, o índice está dentro do esperado, mas o impacto vai depender muito de como ficará a inflação em 2014. Se for muito alta, poderá corroer o poder de compra da população e refletir na redução das vendas do varejo, prejudicando o empresariado.
Já para o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Goiás (Seceg), Eduardo Amorim, o reajuste proposto não repõe as perdas salariais dos trabalhadores, já que, pela estimativa da entidade, a inflação real que atinge o brasileiro fica entre 9,5% e 10% e, portanto, abaixo do reajuste proposto. Cerca de 25% da categoria dos comerciários recebem o mínimo e é atingida diretamente pelo aumento do salário.
Fonte: O Popular