O governo repassará R$ 20 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) este ano, informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem. A informação havia sido antecipada pelo jornal O Estado de S.Paulo no último fim de semana.
A cifra foi citada pelo ministro para demonstrar que os repasses estão caindo. “O empréstimo este ano será de R$ 20 bilhões, bem menos que no ano passado, no ano retrasado e assim por diante. Estamos, a cada ano, diminuindo o aporte, de modo a zerá-lo em breve”, afirmou.
Com isso, respondeu a uma observação do secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, para quem a existência de bancos de desenvolvimento são um sintoma de que o sistema financeiro não está funcionando como o ideal. Segundo Mantega, o Brasil se aproxima desse momento.
Mantega também defendeu o uso dos bancos públicos para ofertar crédito. “Como o Brasil tem bancos públicos, estimulamos eles a liberar mais crédito”, afirmou, referindo-se à crise de 2008 e 2009. “Em 2010, os bancos privados voltaram com força e recuperaram o seu lugar. Não há ideologia de que banco público tem que ocupar espaço. O que há é necessidade de financiar a atividade econômica, que não pode parar”, acrescentou.
Câmbio
As intervenções do Banco Central (BC) no mercado de câmbio já podem ser menos intensas, na avaliação de Mantega. Segundo ele, a sinalização do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de que manterá por mais tempo os estímulos monetários acalmou o mercado.“O Banco Central talvez já possa atuar no mercado de câmbio cada vez menos. A diminuição da expectativa em relação ao Fed, de mudar as regras de estímulo, acalmou o mercado. Então, ele pode funcionar de forma mais automática e caminhar para equilíbrios cambiais quase satisfatórios”, disse.
Desde agosto, a autoridade monetária tem atuado diariamente no mercado oferecendo os chamados “swaps cambiais” para tentar conter a volatilidade das taxas de câmbio. No entanto, a decisão do Fed, em setembro, de manter o ritmo de estímulo monetário reduziu a desvalorização do real frente ao dólar e levantou um debate sobre a necessidade de o BC manter a política cambial.Na ocasião, Mantega chegou a defender a redução na intensidade das intervenções do Banco Central, mas a autoridade monetária reafirmou a manutenção da venda de contratos de swap cambial, com compromisso de recompra.
Ontem, o ministro disse que o Banco Central pode usar as intervenções no mercado de câmbio para calibrar a entrada de dólares no Brasil com a concessão do campo de Libra.“Estamos falando de algo em torno de US$ 4 bilhões. No fluxo que temos, não é muito expressivo”, afirmou. “O BC saberá regular isso adequadamente. Ele pode intervir mais ou menos”, disse.
Fonte: O Popular