A decisão do Banco Central de sinalizar que pode aumentar os juros reforça as indicações de que, para o governo, é necessário conter a inflação o mais rápido possível, A afirmação é do ex-presidente do BC, Gustavo Loyola. “Nas últimas semanas, ganhou força a percepção (pelo Poder Executivo) de que muito provavelmente será preciso elevar os juros logo para manter a inflação sob controle”, afirmou.
Ele lembrou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia declarado em Moscou que o instrumento mais adequado para moderar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, referência da inflação oficial) seria a Selic e não o câmbio.
Para Loyola, há 60% de chance de o BC elevar a Selic no primeiro semestre. Caso seja iniciado um ciclo de aumento de juros, ele acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá adotar uma alta total de 1,5 ponto porcentual. Sua dúvida é se o processo começaria no dia 17 de abril ou em 29 de maio, mas ressalta que o início do aperto monetário poderia ser brando, com um incremento de 0,25 ponto porcentual.
Ele destaca, porém, que os 40% de probabilidade de que os juros não subam até o fim de junho é porque o comunicado do BC, divulgado na noite de quarta-feira (06) após o último encontro do Copom, manifesta uma “linguagem dúbia”, na qual não está totalmente claro que a autoridade monetária vá elevar a Selic no curto prazo.
Loyola supõe que a decisão de elevação juros a partir de abril ou maio tem dois fundamentos. Um deles seria a avaliação técnica do BC de que a inflação estaria num patamar desconfortável. “Além disso, há evidências claras de que a inflação alta corrói a renda disponível das famílias, o que afeta de forma substancial o consumo.
Fonte: Jornal O Popular