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Projeções para este ano vão até US$ 31 bi

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03/01/2013 - 09:15

A previsão de um cenário de incerteza e volatilidade no comércio internacional em 2013 contribui para uma grande variação nas estimativas de especialistas para o saldo da balança comercial brasileira. Enquanto alguns apontam para um grande aumento do superávit comercial, outros acreditam na continuidade da tendência de redução do saldo. A média das estimativas de 11 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data aponta para saldo de US$ 19 bilhões na balança comercial neste ano. Dentro desse grupo os superávits estimados variaram de US$ 10,1 bilhões a US$ 31,8 bilhões. Em 2012, a balança comercial brasileira teve saldo positivo de US$ 19,4 bilhões.

O cenário de volatilidade é influenciado principalmente pela crise europeia, região que absorve 20% dos embarques brasileiros e que já demonstrou em 2012 uma demanda mais fraca pelos produtos brasileiros. Para alguns analistas, isso afetará principalmente as exportações brasileiras. Para outros, contribuirá de forma significativa para as importações.

Para Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, que detém a previsão mais dissonante do grupo - um saldo de US$ 31,8 bilhões - a continuidade da crise na zona do euro, somada à recuperação lenta dos Estados Unidos, deve contribuir para a queda dos preços médios de importação em 2013. O acordo americano que evita o abismo fiscal, diz Borges, fará com que o crescimento americano não seja menor do que o de 2012. "Mas isso não vai fazer a economia americana bombar", diz.

Ao mesmo tempo, estima, haverá redução do volume desembarcado no Brasil em 2013. A indústria nacional, avalia Borges, terá maior competitividade em relação aos importados. Medidas como regime automotivo, desoneração de folha, redução de energia elétrica e fatores como o câmbio, diz ele, resultarão em melhor desempenho da indústria de transformação.

Nesse cenário, afirma Borges, as importações devem ficar praticamente estáveis em termos nominais em relação a 2012 e as exportações crescerão de 5% a 6%, o que resultará no superávit comercial de US$ 31,8 bilhões. O valor é US$ 12,4 bilhões maior que o saldo do ano passado. Nos embarques, contribuem para a elevação a recuperação de parte da competitividade perdida ao longo dos últimos cinco a seis anos. O minério de ferro, que chegou a ser cotado a menos de US$ 90/tonelada em 2012, fechará o ano, segundo previsão da LCA, a US$ 100 por tonelada.

Outros analistas, porém, não acreditam em elevação do superávit este ano. José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que a crise europeia afeta indiretamente, mas de forma significativa, os embarques brasileiros, pois a zona do euro é o destino de cerca de 30% das exportações da China.

Para Castro, a China deve crescer 7,5% em 2013, o que manterá os preços médios das commodities estáveis em relação a 2012. Ele estima que as exportações brasileiras terão leve queda de 1,1% em 2013, na comparação com o ano passado, e que as importações ficarão praticamente estáveis, com aumento de 0,4%. Com isso, o superávit cai, calcula Castro, para US$ 14,6 bilhões este ano.

A queda nos embarques, diz Castro, será influenciada por uma possível perda nos volumes. Em 2012, a queda do valor exportado foi mais influenciada pelo preço, mas em 2013 a instabilidade no mercado internacional deve ocasionar perda maior em volume. Em função da queda de preço, o valor da exportação de minério de ferro para a União Europeia, por exemplo, caiu 26% de janeiro a novembro de 2012 ante iguais meses de 2011. O volume, porém, teve queda de apenas 0,7% em 2012.

A redução de volume contribuirá, segundo Castro, para que o minério de ferro perca seu lugar no topo da lista da pauta de exportação brasileira. Segundo ele, o complexo soja será neste ano o maior item de exportação, com US$ 31,5 bilhões em embarques, cerca de US$ 3 bilhões a mais que o ferro.

A Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), também estima saldo comercial menor para o Brasil em 2013, de cerca de US$ 16 bilhões. Para o economista Rodrigo Branco, porém, o minério de ferro voltará a ter maior importância.

A evolução do preço do ferro e o crescimento chinês, diz Branco, contribuirão para uma elevação de 7% nas exportações totais do Brasil em 2013 em relação a 2012. Para Branco, a recuperação dos Estados Unidos também deve ajudar a alavancar a exportação brasileira de manufaturados.

As importações devem ter elevação ligeiramente maior que os embarques, de 8,5%. Elas aumentarão, diz o economista, por causa de maior crescimento econômico do país, mas longe da elevação explosiva de 2011. "A chamada nova classe média está saindo da absorção de produtos de consumo e indo para serviços", diz, explicando porque vê uma composição de crescimento menos favorável aos importados.

Mais pessimista, Fábio Silveira, da RC Consultores, estima que o superávit comercial em 2013 manterá a tendência de queda de 2012. Em 2011, o saldo foi de US$ 29,8 bilhões, resultado que caiu para US$ 19,4 bilhões em 2012. Para 2013, Silveira estima superávit de US$ 10 bilhões.

De forma geral, diz Silveira, 2013 sinaliza para uma tendência de estabilidade de volume e queda nos preços das commodities exportadas. Por isso, ele não tem expectativa de recuperação de embarques de manufaturados. Para Silveira, a Argentina continuará com as barreiras para os produtos brasileiros e os Estados Unidos não devem ter crescimento suficiente para alavancar a demanda por manufaturados. "Além disso, o ambiente de instabilidade deve elevar o uso de mecanismos de defesa comercial e de proteção de forma mais generalizada", acrescenta.

Ao mesmo tempo que a exportação não se recupera, diz Silveira, deverá haver pequeno crescimento das importações, que serão puxadas pela maior atividade doméstica. "Haverá demanda por insumos, bens de capital e também bens de consumo." Ele lembra, porém, que a evolução da balança depende muito do câmbio e há uma grande preocupação de como o real mais desvalorizado pode contribuir para a inflação e para a necessidade de alterar os juros.

 

Fonte: Valor Econômico


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