O processo de desestatização do IRB, concluído no dia 1º deste mês, deixou na empresa uma certa sensação de alívio. Agora, a mais antiga e, até cinco anos atrás, única resseguradora do Brasil, poderá modernizar seus processos internos com maior velocidade e se tornar mais competitiva. Terá a chance de contratar profissionais tarimbados, sem concurso público, e serviços e produtos não passarão mais por longos períodos de leilão e licitação. Assim, sua margem de lucro financeiro e operacional terá condições de melhorar, já que poderá escolher livremente onde investir seus ativos. Essas são as apostas do advogado paulista, com doutorado pela Universidade de São Paulo, Leonardo André Paixão, presidente do IRB-Brasil Resseguros S/A.
Fundada em 1939, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, a resseguradora viu em seus 74 anos o país mudar muitas vezes de governo e política econômica. Sobreviveu a todas elas. Virada esta página, a sua maior meta no momento é se tornar um dos maiores resseguradores globais nos próximos anos. "Ganhamos fôlego para fazer esta expansão no exterior. Mas não iremos com muita sede ao pote. Se a AL representar de 15% a 20% do nosso faturamento no médio prazo, está ótimo", afirma Paixão.
Para isso, um de seus desafios urgentes é reverter o prejuízo aferido no primeiro semestre, de R$ 83 milhões, e aumentar de forma sustentável a sua carteira de R$ 1,35 bilhão em prêmios, por meio da expansão internacional - primeiro na América Latina, depois África e outros países. Paixão também irá ampliar algumas linhas de serviços no Brasil a partir de 2014, ligadas aos ramos vida, previdência e saúde, que participam hoje com 10% do total de seus negócios. "Queremos crescer entre 7% a 8% no próximo ano e manter o nosso market share no Brasil entre 40% e 50%. Para diversificar, queremos ter 30% do quadro formado por estrangeiros em até cinco anos". O presidente do IRB também defende enviar alguns brasileiros para trabalhar em escritórios da resseguradora fora do país.
A reestruturação societária da empresa foi, na opinião de Paixão, um sucesso. O controle passa para um bloco integrado por BB Seguros Participações, Bradesco Auto Re, Itaú Seguros e Itaú Vida e Previdência e Fundo de Investimento em Participações Caixa Barcelona.(RL)
Fonte: Valor