Atenção! Você está utilizando um navegador muito antigo e muitos dos recursos deste site não irão funcionar corretamente.
Atualize para uma versão mais recente. Recomendamos o Google Chrome ou o Mozilla Firefox.

Notícias

Presidente do BC vê alta do dólar e inflação na meta central só em 2016

Facebook
Twitter
Google+
LinkedIn
Pinterest
Enviar por E-mail Imprimir
10/12/2014 - 09:15

Tombini afirma que não haverá complacência do BC com a inflação.
Estoque de swaps deve ser renovado no futuro observada demanda, diz.

O dólar, que já vem batendo as maiores cotações desde 2005, pode continuar se valorizando no ano que vem – o que ajudará as exportações, segundo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Falando em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, Tombini também previu que a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve se aproximar mais fortemente da meta central de 4,5% somente em 2016.

"O cenário de maior crescimento global, combinado com a depreciação do real [alta do dólar] deverá impulsionar as exportações do país", declarou ele, que permanecerá no comando do BC no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Tombini avaliou que existe, neste momento, um movimento global de "fortalecimento do dólar" por conta das perspectivas em relação à política monetária (possível aumento de juros) dos Estados Unidos. "Em função da perspectiva de continuar a economia americana crescendo mais do que as outras áreas economias, há um movimento global do dólar [de valorização]. O real também se desvalorizou. O regime de câmbio flutuante é deixar se ajustar em função do movimento global", afirmou

Nesta terça-feira, o dólar está sendo negociado ao redor de R$ 2,60. A expectativa de economistas dos bancos, coletada por meio de pesquisa da autoridade monetária com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, é que a moeda avance para R$ 2,70 no fim de 2015. Dólar mais alto barateia as exportações e torna as compras feitas no exterior mais caras - assim como as viagens de brasileiros para outros países.

Convergência da inflação para 4,5%
Alexandre Tombini também informou que a inflação oficial, que ficou em 6,56% em doze meses até novembro deste ano – acima portanto, da meta central de inflação de 4,5% e, também, do teto do sistema brasileiro (de 6,5%) – deve retomar a trajetória de convergência para a meta central "ao longo de 2015". Segundo ele, o "horizonte de convergência com o qual trabalhamos se estende até o final de 2016".

Segundo ele, antes de retomar a trajetória de convergência para a meta durante 2015, a inflação acumulada em doze meses tende a "permanecer elevada" devido à ocorrência de dois importantes processos de ajuste de preços relativos na economia: o realinhamento dos preços domésticos em relação aos preços internacionais [alta do dólar] e o realinhamento dos preços administrados em relação aos preços livres da economia.

"Por conseguinte, entendo que não deveria ser tomado como surpresa, nos próximos meses, um cenário que contempla inflação acima dos níveis em que atualmente se encontra. Independentemente disso, entretanto, estou convicto de que, após um curto interregno possivelmente em elevação, a inflação em doze meses iniciará um longo período de declínio, que vai culminar com o atingimento da meta de 4,5% ao ano", declarou Tombini, acrescentando que essa crença se deve, também, aos "efeitos cumulativos e defasados das ações de política monetária adotadas" (aumentos de juros feitos no passado).

Desde agosto, a inflação se mantém acima de 6,5%, o teto da meta de inflação estipulada pelo governo. Essa meta, no entanto, só vale para anos fechados – ou seja, o governo só terá descumprido a meta se a inflação em 12 meses seguir acima de 6,5% em dezembro. A expectativa do Ministério da Fazenda, e do mercado, é de que a inflação não estoure o teto de 6,5% em todo este ano.

De acordo com o presidente do BC, o fortalecimento da política fiscal, com o aumento da meta de superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) para 1,2% do PIB em 2015 - o equivalente a R$ 66,3 bilhões - e para, ao menos, 2% do PIB em 2016 e 2017, deverá, "ao longo do tempo", facilitar a convergência da inflação apra a meta de 4,5%.

"Atuando de forma independente, mas complementar, a política fiscal [ajuste nos gastos públicos] e política monetária [definição dos juros para conter as pressões inflacionárias], em ambiente de estabilidade e solidez do sistema financeiro, serão cruciais para a retomada da confiança de empresários e investidores", acrescentou Tombini.

Taxa de juros
O presidente do BC lembrou que a autoridade monetária subiu os juros em 0,25 ponto percentual, para 11,25% ao ano em outubro, e que promoveu nova alta – de 0,50 ponto percentual em dezembro para 11,75% ao ano – e acrescentou que o objetivo destas elevações é "viabilizar um cenário de inflação mais benigno em 2015 e 2016" e fazer com que a inflação "retorne o mais rápido possível" para trajetória de convergência em direção à meta central de inflação de 4,5%.

"Não haverá complacência do Banco Central [com a inflação]. A política monetária [definição dos juros para conter pressões inflacionárias] deve se manter ativa para combater efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos. Deve evitar que esses ajustes se espalhem para o resto da economia com aumentos persistentes da inflação", declarou o presidente do Banco Central.

Ao anunciar a elevação de 0,50 ponto percentual no juro no início deste mês, para 11,75% ao ano, o BC informou que que a taxa deverá continuar subindo no futuro, mas que isso poderá acontecer de forma menos intensa, com "parcimônia". A expectativa do mercado financeiro é de que os juros básicos da economia subam para 12% ao ano em janeiro, para 12,25% em março e para 12,50% ao ano em abril de 2015.

Crescimento da economia
Sem citar números, o comandante do BC informou que estima uma "recuperação gradual da economia doméstica em 2015". Para este ano, o mercado financeiro prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,18% e, para 2015, a estimaiva é de uma aceleração do crescimento para 0,73%.

"Há mudanças favoráveis na demada e oferta. O consumo deve continuar em expansão, mas em menor timo que anos recentes, com aumento da renda e moderado do crédito. O cenário de maior crescimento global combinado com a depreciação do real [alta do dólar] deverá impulsionar exportações", declarou ele, acrescentando que, para 2015, a previsão é de um novo recorde na safra de grãos e que as condições de trabalho continuem favoráveis.

Contratos de 'swap cambial'
Segundo Alexandre Tomibni, do BC, o programa de oferta de "swaps cambiais" pela autoridade monetária - instrumentos que funcionam como venda de dólares no mercado futuro, o que impede uma pressão maior de alta no mercado à vista da moeda norte-americana - tem "atingido plenamente seus objetivos".

"Em funcionamento desde agosto de 2013, [o programa] permitiu amortecer ajustes no câmbio e fornecer proteção [contra a alta do dólar] aos agentes", declarou ele, observando que o estoque atual destes contratos, em mercado, somam o equivalente a cerca de US$ 100 bilhoes - menos de 30% das reservas internacionais.

"Não significa necessidade de reversão [do estoque de swaps cambiais em mercado] no curto e médio prazos. O estoque já atende de maneira significativa [às necessidades] e vem sendo administrado em operações [de rolagem dos vencimentos]. Deve continuar a ser renovado no futuro observadas as condições de demanda", acrescentou o comandante da autoridade monetária.

Fonte: Jornal O Popular

Tópicos:
visualizações