Dados divulgados ontem pelo IBGE traçam um cenário pior do que o de 2009, auge da crise global
Rio, São Paulo e Campos do Jordão – A economia deu, no segundo trimestre, mais um passo para fechar o ano na pior recessão desde 1990. A combinação de ajuste – com cortes nos gastos, aumento dos juros e reajuste de preços administrados –, efeitos da crise política e impactos da Operação Lava Jato sobre o setor da construção traçam um cenário pior do que o de 2009, auge da crise global.
O Produto Interno Bruto (PIB) de abril a junho encolheu 1,9% em relação ao início do ano, fechando o semestre com queda de 2,1% em relação à primeira metade de 2014, informou o IBGE. Com o resultado, o Brasil entrou oficialmente em recessão – o critério técnico estabelece dois trimestres seguidos de recuo da economia.
Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, 2009 e 2015 “são momentos diferentes, mas ambos com turbulências internacionais”. “Obviamente que a turbulência política e econômica está afetando a economia.”
A queda no PIB foi mais forte do que a média das projeções, levando economistas a reverem para pior seus cálculos. O Bradesco revisou sua previsão de retração da economia em 2015 de 2,5% para 2,7%.
Pesquisa da Agência Estado feita após a divulgação do PIB mostra que as estimativas para este ano são de queda de 2,1% a 3,1% (2,4%, na média). Para 2016, a projeção vai de queda de 1,2% para alta de 0,5% (recuo de 0,55%, na média).
Todas as projeções para 2015 apontam para o pior resultado desde 1990, ano do confisco das poupanças no governo Collor, quando a contração foi de 4,3%. Se houver nova retração em 2016, outro recorde negativo será batido: o Brasil não tem dois anos de retração desde a década de 1930, na Grande Depressão.
“O Brasil está vivendo uma recessão que se aprofunda e com uma inflação muito alta”, disse o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore.
O setor de serviços caiu 1,4% em relação ao segundo trimestre de 2014, atingido pela queda no consumo e pela crise da indústria. Foi o setor que mais puxou o PIB para baixo.
Fonte: O Popular