Expectativa de ataque ao país fez investidor fugir de aplicações de risco. O Ibovespa recuou 2,60%, aos 50.091 pontos, e o petróleo registrou o nível mais alto em 18 meses
São Paulo - O dia de ontem foi de queda generalizada nas Bolsas de Valores do mundo inteiro em meio a uma possível ação militar dos Estados Unidos contra o governo da Síria, motivada por um suposto ataque com armas químicas que teria ocorrido na semana passada.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, intensificou a baixa na última hora de negócios e fechou com perda de 2,60%, a 50.091 pontos. Foi maior queda diária do índice desde 2 de julho, quando se desvalorizou 4,24%.
O clima de cautela nos mercados aumentou depois que o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, disse que o país está pronto caso o presidente Barack Obama ordene uma operação militar na Síria.
“Um possível ataque dos aliados dos Estados Unidos contra o governo sírio é uma expectativa a mais no mercado, que já vem sofrendo com as indefinições sobre o estímulo econômico americano”, diz Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.
Petróleo
A Síria não é o principal produtor de petróleo do mundo, mas está situado próximo ao canal de Suez, que liga Porto Said, porto egípcio no Mar Mediterrâneo, a Suez, no Mar Vermelho. Essa é a rota por onde boa parte do petróleo mundial passa.
O temor é que o possível conflito na região possa afetar, além da produção síria de petróleo, o escoamento da produção de outros grandes produtores, como a Arábia Saudita e o Irã.
Nesse cenário, o principal contrato do barril de petróleo negociado na Bolsa de Nova York teve alta de 2,95% ontem, para US$ 109,01 - maior valor em 18 meses.
“A alta do petróleo no exterior tem efeito negativo sobre a Petrobras, que importa derivados, como a gasolina, e vende por um preço menor no Brasil”, diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.
A ação preferencial da estatal caiu 4,07% ontem, para R$ 17,45. Já os papéis ordinários cederam 3,33%, a R$ 16,57. No ano, as perdas são de 10,6% e 15,2%, respectivamente. Juntas, as duas ações da Petrobras representam cerca de 11% do Ibovespa.
“A questão do petróleo e o conflito na Síria ofuscou a expectativa pela reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil), que teve início hoje (ontem) e dura até amanhã (hoje)”, diz Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora.
O consenso do mercado é que a autoridade monetária brasileira vai subir o juro básico (a Selic) de 8,5% para 9% ao ano.
Fonte: Jornal O Popular