Moeda americana reduziu queda ao longo do pregão e fechou a R$ 2,1760, contrariando prática rotineira do Banco Central desde agosto
O Banco Central (BC) quebrou ontem a rotina do mercado de câmbio ao não anunciar um leilão de swap cambial para o dia seguinte, dentro da programação de intervenções diárias em vigor desde agosto. Ao não divulgar as condições do leilão às 14h30, como vinha fazendo, o BC lançou dúvidas sobre a continuidade do programa de intervenções.
Com o mercado sem nenhuma outra informação sobre o assunto, a moeda americana, que recuava de forma consistente deste cedo, passou a desacelerar sua queda ante o real. Ainda assim, o dólar à vista negociado no balcão fechou em baixa de 0,37%, cotado a R$ 2,1760, acima do patamar mínimo de R$ 2,1570 alcançado mais cedo.
O BC vem realizando leilões diários de swap (equivalente à venda de dólares no mercado futuro), de segunda a sexta-feira, e de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), às sextas. Ao injetar recursos no mercado de forma sistemática, o BC conseguiu reduzir a volatilidade e conduzir a moeda americana para patamares mais baixos, preparando terreno para o fim dos estímulos do Federal Reserve à economia americana.
Dúvida
O problema é que o Fed, ao contrário do que se esperava, não começou a reduzir seus estímulos, o que aliviou a pressão de alta para o dólar. Além disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em sua reunião do último dia 9, elevou a Selic para 9,50% ao ano e deixou o caminho aberto para novas elevações, o que favorece a atração de moeda para o Brasil.
Com isso, o dólar perdeu o nível de R$ 2,20, levantando discussões no mercado sobre a necessidade de o programa de venda diária de moeda continuar ou não. Na sessão de ontem, o dólar flertou com patamares ainda mais baixos. Na mínima, verificada às 13h02, a moeda chegou a R$ 2,1570 (-1,24%). “O dólar continuava fraco, apesar de o Congresso dos EUA estar próximo de chegar a um acordo sobre o impasse fiscal no País. E pela manhã também houve entrada forte de recursos no Brasil”, comentou João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora, ao justificar o movimento de baixa para a moeda americana ante o real ontem.
Fonte: Jornal O Popular