Reação eleitoral de Dilma faz Bolsa de Valores ter maior queda diária em três anos. Dólar também disparou ontem, fechando a R$ 2,451
A reação da presidente Dilma Rousseff (PT) na corrida eleitoral fez com que a Bolsa brasileira registrasse a maior desvalorização diária em três anos. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, fechou ontem com queda de 4,52%, a 54.625 pontos, o menor patamar desde 10 de julho deste ano. Além disso, foi a maior desvalorização porcentual diária do Ibovespa desde 22 de setembro de 2011, quando o índice caiu 4,83%.
Até o fim da sessão, os investidores reagiam à pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira e favorável a Dilma. E os números da CNT/MDA, que saíram no fim da tarde, ainda foram capazes de ampliar um pouco as perdas.
Pode cair mais
Para analistas, o fortalecimento da candidata petista nas eleições é a principal explicação para a desvalorização da Bolsa ontem. “O mercado financeiro não gosta da Dilma e, por isso, quando ela tem bom desempenho nas pesquisas, ele coloca isso no preço. Mas minha avaliação é que o mercado não colocou tudo no preço. A Bolsa pode cair mais”, afirma Felipe Miranda, sócio-fundador da Empiricus Research.
Das 69 ações do Ibovespa, 62 fecharam o dia no vermelho. A maior desvalorização ficou com os papéis da Petrobras. Os papéis das estatais são os mais sensíveis à atual disputa eleitoral. Isso porque parte dos investidores acredita que uma vitória da oposição significaria uma diminuição na intervenção do governo na empresa. Logo, quando Dilma sobe nas pesquisas, os papeis da companhia se desvalorizam.
As ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas, encerraram o dia com queda de 11,46%, a R$ 18,56. Os papéis ordinários, com direito a voto, perderam 10,75%, a R$ 17,69. Os papéis do Banco do Brasil encerraram o dia com queda de 8,98%, a R$ 27,15.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, os altos e baixos do mercado financeiro nas últimas semanas são provocados por incertezas no cenário externo, e não pelos resultados das pesquisas eleitorais.
Dólar
O mau humor do investidor também fez com que o dólar disparasse ontem. O dólar à vista negociado no balcão fechou acima dos R$ 2,45, em alta de 1,53%, aos R$ 2,451.
Este é o maior patamar de fechamento desde 9 de dezembro de 2008, pouco depois do estouro da crise mundial, quando marcou R$ 2,472.
Antecipado crédito a exportador
A menos de uma semana do primeiro turno das eleições, o governo fez um novo “agrado” aos empresários: antecipou de janeiro para outubro a entrada em vigor da alíquota de 3% do Reintegra, programa que devolve aos exportadores uma fatia das receitas com vendas externas. Atualmente, essa alíquota é de 0,3%.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, temas relativos ao Reintegra e crédito às empresas de 3% sobre o faturamento exportado foram discutidos com os empresários da indústria. De acordo com Mantega, os fundos do Programa de Financiamento às Exportações (Proex) foram elevados em R$ 200 milhões. “Isso dá a possibilidade de exportações de mais US$ 3 bilhões nessa categoria.” Esse programa já contava com R$ 170 milhões.
O ministro também afirmou que a Receita Federal vai atuar mais rápido na área de comércio exterior. O prazo para a liberação de exportações baixou de 13 para 8 dias e para importações, de 17 para 10 dias.
Para Mantega, será de R$ 6 bilhões num horizonte de 12 meses a renúncia fiscal relativa ao aumento do crédito do Reintegra antecipada para outubro. Para 2015, também foi fixada em 3%.
Fonte: Jornal O Popular