Foi também a 1ª alta desde outubro de 2013, puxada por capital externo e estatais, em meio a expectativas de que Dilma perca forças na reeleição
A Bolsa encerrou março com o melhor desempenho mensal desde janeiro de 2012, quando ganhou 11,13%. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) - principal termômetro do mercado acionário do País - avançou 7,05% no mês passado. Ontem, a Bolsa subiu 1,3%, e encerrou o pregão aos 50.414,92 pontos, nível mais alto desde 8 de janeiro (50.576,64 pontos).
No mês em que a nota de crédito do Brasil foi rebaixada pela agência de risco Standard & Poor’s (S&P) de BBB para BBB-, vários fatores contribuíram para o resultado positivo da Bolsa em março - de questões políticas locais até crises internacionais. Apesar do avanço, o desempenho de março ainda é insuficiente para reverter o resultado ruim dos dois primeiros meses do ano. Em 2014, o Ibovespa acumula perda de 2,12%.
Em março, as ações da Bolsa brasileira foram impulsionadas pela menor popularidade do governo Dilma Rousseff. A pesquisa CNI/Ibope, divulgada na quinta-feira, indicou que caiu de 43% para 36% o porcentual dos brasileiros que consideram o governo ótimo ou bom. A taxa dos que classificam a gestão como ruim ou péssimo cresceu de 20% para 27%.
Na leitura dos analistas, a queda na popularidade da presidente indica uma chance maior da oposição nas eleições de outubro e a possibilidade de uma gestão considerada menos intervencionista pelo mercado assumir o País a partir de 2015.
“A perda de popularidade do governo acabou sendo bem-vista pelos investidores, com um uma possibilidade maior de haver um segundo turno nas eleições”, afirma Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper. “O mercado tem uma percepção negativa com relação à intervenção.”
Nesse cenário, as ações das estatais acabaram se beneficiando em março - as ações ordinárias da Eletrobras, por exemplo, tiveram alta de 32%, e as PNB de 19,69%. Os papéis da Petrobras também subiram fortemente em março. A alta foi de 15,17% para as ações ordinárias e de 16,1% para as preferenciais.
Estrangeiros
O mercado de ações brasileiro ainda foi ajudado pelo aumento de recursos estrangeiros na Bolsa. Até 27 de março - último dado disponível -, o ingresso somou R$ 2,19 bilhões no mês, acima do R$ 1,28 bilhão de fevereiro. No ano, esse valor está positivo em R$ 2,63 bilhões. Parte da entrada desse recurso está relacionado com a fuga de capital da Rússia por causa da crise política envolvendo a Ucrânia.
Há também uma sensação no mercado de que os preços das ações estavam muito baixos por causa do momento ruim do mercado acionário. “A Bolsa vinha de vários meses de queda e o preço das ações estava muito baixo”, diz Fabio Colombo, administrador de investimentos. “O simples fato de olhar para o Brasil e ver que os nossos preços estão descontados em relação aos de fora acabou ajudando a Bolsa”, afirma Rafael Espinoso, gerente de mesa de pessoa física de alta renda da Votorantim Corretora.
Volátil
A tendência é que o mercado acionário permaneça bastante volátil até as eleições, segundo Rafael Espinoso. Na avaliação dele, o dinheiro que entrou no País é de curto prazo, e a tendência é que abril seja um mês decisivo para o mercado de ações ter uma direção até o fim do ano.
“A hora é de garimpar o que está descontado e o que realmente vai fazer a diferença daqui para os próximos noves meses do ano. É um mês decisivo para saber se continua essa alta ou não”, afirma.
Fonte: Jornal O Popular