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Manutenção dos juros não basta para conter inflação, dizem economistas

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22/10/2015 - 07:38

Copom manteve taxa básica de juros em 14,25% nesta quarta-feira.
Veja a repercussão da decisão do BC entre os economistas.

Em meio a um cenário de recessão da economia e inflação pressionada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta quarta-feira (21) que decidiu manter novamente os juros em 14,25% ao ano. Em setembro, na reunião anterior do Comitê, os juros já tinham ficado estáveis.

A taxa segue no maior patamar em pouco mais nove anos, ou seja, desde julho de 2006.

Segundo comunicado do BC, a decisão foi "necessária para a convergência da inflação para a meta". "O Copom ressalta que a política monetária se manterá vigilante para a consecução desse objetivo".

Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

mesmo com a taxa elevada não se conseguiu controlar essa inflação persistente ao longo do tempo"

Rodrigo Mariano

Rodrigo Mariano, gerente do departamento de Economia e Pesquisa da APAS
“Na verdade, nós já esperávamos essa manutenção”, diz Mariano. “Uma taxa muito elevada prejudicará o crescimento em 2016. O BC elevou a taxa para tentar conter a inflação, mas a gente verificou que mesmo com a taxa elevada não se conseguiu controlar essa inflação persistente ao longo do tempo. A projeção para a inflação no final de 2015 é de 9,9%, o que não faz sentido. Com uma taxa de juros de 14,25%, a inflação deveria estar em torno de 7%.”

“A inflação não está respondendo a essa alta de juros porque a atual está relacionada a pressões de custos, com elevação de energia elétrica, água em regiões que estão sofrendo com o racionamento e outras tarifas públicas. Não tem taxa de juros que controle isso. A taxa de juros é para controlar a demanda. Esta inflação não é de demanda, ou seja, não é com taxa de juros que a gente vai controlar a inflação.”

Ou o ajuste fiscal vem ou não resta o que fazer via política monetária"

Luis Eduardo da Costa Carvalho

Luis Eduardo da Costa Carvalho, presidente da Lecca Financeira
Para o economista, o Banco Central está em situação difícil, porque a puxada nos juros, de 3,25 pontos percentuais de aumento entre o fim do ano passado e setembro de 2015 ainda não produziu efeitos plenos na inflação, mas já está acentuando a desaceleração da atividade econômica, o que também é ruim para as contas públicas porque gera menos arrecadação. "Eu acho que estamos diante de um quadro que se correr o bicho pega se ficar o bicho come." Em sua visão, o que ajudaria a melhorar a situação seria a aprovação das medidas fiscais - de reequilíbrio das contas públicas, via aumento de tributos, como a CPMF, e contenção de gastos - pelo Congresso Nacional. "O processo foi tão longe que as ferramentas existentes pouco efeito produzem. Ou o ajuste fiscal vem por medidas aprovadas no Congresso ou não resta muito mais o que fazer via política monetária [alta dos juros para conter a inflação]."

Roberto Vertamatti (diretor de economia da ANEFAC)
“O mercado já esperava a manutenção diante do cenário altamente recessivo que estamos vivendo e do déficit público, que os juros também acabam impactando. Eu entendo que nós vamos ter, em função principalmente do aumento do dólar nesses últimos meses, uma pressão aumentada da inflação. É possível que o governo ainda tente manter esses 14,25%, mas eu não descarto uma reavaliação em subir novamente a Selic no começo do ano que vem. É um remédio amargo, a gente sabe. Neste ambiente recessivo, mais juros significam menos investimento. Mas para o assalariado, a pior pressão de todas é a inflação.”

“Esses juros no patamar que nós estamos já fez todos os efeitos que deveria fazer para segurar a inflação. Nós estamos com outras pressões, com aumentos extraordinários da energia elétrica, do combustível e o dólar. Esses fatores estão pressionando uma inflação maior para os próximos meses, e por isso podemos ter uma nova subida da Selic. Toda aquela subida que a gente teve desde 2013 conteve sim aumentos ainda maiores da inflação.”

A inércia acaba prejudicando ainda mais a confiabilidade"

Reginaldo Gonçalves

Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciência Contáveis da FASM
Para o especialista, a implementação de novos tributos e o aumento de alguns deles está pressionando ainda mais o setor produtivo, as vendas estão diminuindo, e a consequência é a diminuição da arrecadação. Ele defende um corte maior de gastos públicos. "A inércia acaba prejudicando ainda mais a confiabilidade nas ações e novos investimentos, tanto de empresários brasileiros como também estrangeiros. Esperamos que a busca pela transparência efetiva e não mascarada possa mudar esse perfil e fazer com que o país possa colocar o trem nos trilhos e reverter uma situação negativa e insustentável", avaliou, em comunicado.

é preciso que o governo realize o ajuste fiscal via corte de gastos"

Alencar Burti

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em nota
“Consideramos acertada a decisão do Banco Central: não haveria nenhuma razão para o aumento da taxa Selic, diante da recessão em que se encontra o Brasil. Nossa expectativa, agora, é de que o BC comece a reduzir a taxa, o que vai permitir que o país se estabilize e dê início a uma retomada gradual."

"Mas, para essa recuperação, é preciso que o governo realize - efetivamente - o ajuste fiscal. E que esse ajuste seja feito pelo lado do governo, via corte de gastos, e não por meio de mais aumento de tributação.”
 

Esta política de se curvar aos especuladores resulta em queda da atividade econômica"

Miguel Torres

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, em nota
"A decisão é um verdadeiro balde de água fria na economia, que já está praticamente estagnada. Infelizmente, os dados da economia são pouco animadores. E a postura conservadora por parte do governo vem minando qualquer esperança de sua recuperação ainda para este ano."

"Esta política de se curvar aos especuladores resulta em queda da atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumenta o desemprego, diminui a capacidade de consumo das famílias e compromete o crescimento."

"Juros altos sangram o país e inviabilizam o desenvolvimento. O mercado de trabalho tem diminuído o ímpeto da geração de empregos, ao mesmo tempo em que a indústria tem piorado seu desempenho nos últimos meses."

Fonte: G1

 

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