Para economistas, decisão foi correta já que permite avaliar cortes anteriores.
Entidades se dividiram entre aprovação e crítica por não ter havido queda.
A decisão do Copom de manter a taxa básica de juros em 11% na reunião desta quarta-feira (16) veio de acordo com o esperado pelos economistas, mas dividiu opiniões entre eles e entidades comerciais, industriais e de trabalhadores.
Para os economistas, a decisão de manter os juros pela segunda reunião seguida foi acertada já que faz uma pausa para aguardar o efeito das altas nos preços.
As entidades, por outro lado, desaprovam a decisão seja por achar que o controle da inflação com alta dos juros é errado ou por avaliar que a taxa alta prejudica o consumo.
Veja a repercussão:
Paulo Petrassi, gestor da Leme Investimentos
"O caminho é certo porque há receio de que a inflação permaneça alta, e pelo menos até o fim do ano a taxa Selic deve se manter no mesmo nível. O BC resolveu aguardar para ver como fica o nível de inflação no Brasil e a recuperação da economia dos EUA. O efeito da política é defasado, então o BC vai esperar para ver os efeitos das altas de juros."
Gilberto Braga, economista do Ibmec
"Acho que a decisão é acertada para o quadro econômico que vivemos, embora como qualquer cidadão eu imaginaria que uma taxa mais baixa seria nosso desejo de consumo. A discussão de hoje é por quanto tempo será necessário manter o 11%, na medida em que a inflação de alimentos dá sinal de perder força e o crescimento do PIB vem sendo constantemente baixo. Talvez podemos pensar em corte no 2º trimestre do ano que vem."
Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de SP
“O baixo nível das atividades econômicas e a queda da confiança de empresários e consumidores, recomendariam a redução da Selic para evitar o agravamento da desaceleração da economia. O Copom, no entanto, preferiu manter a Selic inalterada, tendo em vista a alta da inflação. É preciso que a política fiscal ajude a reduzir as expectativas inflacionárias, a fim de que o Banco Central possa diminuir a taxa de juros para estimular a economia.”
Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)
“O Copom deixou escapar uma nova oportunidade para baixar a Selic e forçar uma queda dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito para a produção e para o consumo, incentivando o emprego e a distribuição de renda."
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
"Esta medida nefasta, além de manter a taxa Selic em patamares proibitivos e colocar à mostra a insensibilidade do governo ante as demandas da classe trabalhadora, impede o crescimento da produção, do consumo e a geração de empregos."
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
"A colaboração da política fiscal, com redução dos gastos públicos correntes, é imprescindível para que a inflação arrefeça (diminua) adiante, sem que sejam necessários ajustes adicionais na política monetária (alta de juros). Apenas dessa forma o país poderá alcançar a tão almejada combinação de crescimento econômico e inflação controlada."
Fonte: G1