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Lucro dos bancos médios se deteriora

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11/03/2013 - 10:44

Se 2012 foi difícil para os grandes bancos de varejo, para os médios foi pior. Em conjunto, o lucro líquido de oito instituições de menor porte com ações negociadas na bolsa caiu 35,3% ante 2011, bem mais que a queda de 5,27% registrada por Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. Cinco dos bancos médios apresentaram redução dos ganhos em 2012: ABC, Banrisul, BicBanco, Paraná e PanAmericano. Porém, o declínio do conjunto foi puxado principalmente pelo resultado deste último, único a apresentar prejuízo. Sem considerar os números do PanAmericano, o recuo do lucro do grupo foi de 9,82%, para R$ 1,91 bilhão.

A piora da inadimplência e o desempenho fraco da economia, que afetaram todo o setor bancário, se somaram à intervenção no banco BVA e à liquidação do Cruzeiro do Sul, eventos que elevaram o custo de funding para alguns bancos. Desde os problemas envolvendo o PanAmericano, esse custo já estava alto. Além disso, bancos que fornecem crédito consignado, como Paraná Banco, PanAmericano e Banrisul, sofreram com a competição com as grandes instituições, que agora apostam no segmento.

Bancos médios que cediam carteiras de crédito com coobrigação, ou seja, quando o vendedor permanece com todo ou parte do risco de inadimplência, caso do PanAmericano, foram ainda prejudicados pela resolução 3.533. A norma entrou em vigor em 2012 e proibiu que essas instituições apropriassem de uma só vez os juros das operações nos balanços.

Para analistas, em 2013 os desafios permanecem. "Os bancos que tiveram problemas estão prometendo melhora de rentabilidade, porém essa tarefa se torna praticamente impossível em um ambiente de competição cada vez mais intenso", diz Tiago dos Reis, analista da Set Investimentos, uma gestora de recursos de pequeno porte.

A carteira de crédito dos bancos englobados no levantamento teve expansão de 13,85% no ano passado ante 2011, totalizando R$ 63,05 bilhões. O aumento supera o avanço de 7,12% registrado por Itaú, Bradesco e Santander. O problema é que faltou qualidade no crescimento, diante da piora da inadimplência. O analista do BB Investimentos Carlos Daltozo lembra que a redução no nível de calotes será gradual, de forma que os resultados financeiros referentes ao primeiro semestre ainda devem mostrar impacto da inadimplência.

 

Daltozo avalia que o Daycoval e o BicBanco estão entre os que mais sofreram com os calotes. No ano passado, o BicBanco teve R$ 548,3 milhões em despesas com provisões para créditos com devedores duvidosos, cifra 11,5% maior do que em 2011. Já o Daycoval, cuja carteira de crédito está concentrada em médias empresas, crédito consignado e financiamento de veículos, encerrou 2012 com inadimplência de 2%, bem superior aos 0,7% ao fim de 2011.

Mesmo assim, o Daycoval é um dos poucos bancos médios que apresentou melhora no lucro em 2012, com a estratégia de pulverização da carteira de crédito entre um número maior de clientes. O tíquete médio de desembolso encolheu de R$ 2 milhões para R$ 400 mil, enquanto os pedidos de garantia foram reforçados. "Com isso, conseguimos obter uma margem mais do que suficiente para cobrir as perdas", afirma Ricardo Gelbaum, diretor de relações com investidores. A margem financeira líquida passou de 9,7% em 2011 para 11,1% no ano passado.

O PanAmericano informou que não divulga suas taxas de inadimplência porque, como parte do seu processo de reestruturação, realizou cessões de carteiras de crédito que alteram a base de comparação. Cálculos do Goldman Sachs indicam que a taxa de calotes do banco encerrou 2012 em 12%, o nível mais alto entre os bancos englobados no levantamento.

Além do Daycoval, Pine e Indusval também tiveram avanço no resultado. O Indusval perseguiu ativos com melhor qualidade e prazos mais curtos, emprestando para empresas com faturamento entre R$ 400 milhões e R$ 2 bilhões. Por sua vez, o Pine apostou na diversificação das receitas com a prestação de serviços. Em 2012, o Pine Investimentos, unidade de produtos de banco de investimentos, estruturou mais de R$ 1 bilhão em operações de renda fixa.

O Pine também tem se esforçado para diversificar as fontes de captações. No primeiro semestre de 2012, o banco fez sua primeira oferta pública de letras financeiras, no valor de R$ 313 milhões. Mais tarde, captou US$ 73 milhões no Chile e US$ 37,5 milhões no Oriente Médio. "Precisamos de fontes diversificadas", disse o diretor operacional Norberto Zaiet, em teleconferência.

Entre os que tiveram queda nos ganhos, o ABC foi o que apresentou menor variação. A estratégia foi focar em médias empresas. Para o Goldman Sachs, o banco apresentou sólida melhora na qualidade dos ativos, levando a um maior controle sobre a inadimplência e sobre as provisões para créditos de liquidação duvidosa.

A estratégia que deu certo para bancos médios foi uma combinação de análise mais rigorosa dos clientes na concessão de crédito com a capacidade de ofertar serviços a esses mesmos clientes, opina Reis, da Set. O analista da agência de rating Moody's Alexandre Albuquerque pondera que no geral esses bancos sofreram com o desempenho fraco da economia em 2012. "As provisões para créditos de liquidação duvidosa aumentaram e a demanda por empréstimos não foi a esperada", diz.

Para a Fitch Ratings, os bancos médios têm obstáculos importantes a vencer, como as captações concentradas no atacado, a competição com os bancos grandes e as incertezas decorrentes do cenário econômico.

 

Fonte: Valor Econômico


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