No início do mês, BC havia dito que deveria estender o programa.
'Sempre que BC julgar necessário' pode haver mais venda de dólares.
O Banco Central estendeu até o fim de dezembro o programa de intervenção no mercado de câmbio, com a oferta diária de US$ 200 milhões em swaps cambiais, ou 4 mil contratos, anunciou a autoridade monetária nesta terça-feira (24).
Os leilões, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, deveriam terminar em 30 de junho, mas vão continuar nos mesmos moldes.
O BC disse também que "sempre que julgar necessário" poderá realizar operações adicionais de venda de dólares através dos instrumentos ao seu alcance.
"Os leilões de venda de dólares com compromisso de recompra (também conhecidos como leilões de linha) serão realizados em função das condições de liquidez do mercado de câmbio", acrescentou o BC em comunicado.
O anúncio de que o programa seria estendido foi feito no começo do mês depois de uma semana de forte instabilidade no preço do dólar, que chegou a subir mais de 1,6% em um único pregão. Na mesma semana, o governo anunciou mudança no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre captações externas. O prazo mínimo para escapar de um imposto de 6% caiu de um ano para 180 dias.
Ração diária
O programa do BC se assemelha do processo anunciado pela autoridade monetária em 2001 e 2002. Na ocasião, o diretor de Política Monetária da instituição, Luiz Fernando Figueiredo, informou que o BC iria atuar diariamente no mercado de câmbio, com vendas de recursos no mercado à vista. O processo ficou conhecido, naquele momento, por "ração diária".
Naquela ocasião, entretanto, o processo diminuía as reservas cambiais - o que não está previsto para acontecer atualmente - visto que os leilões de linha, previstos para as sextas-feiras, preveem o retorno posterior dos recursos para as reservas internacionais brasileiras.
Atualmente, as reservas estão acima de US$ 370 bilhões.
Como funcionam os swaps cambiais
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais.
O investidor, por ouro lado, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção do dólar, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira e hoje está em 11%. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.
Fonte: G1