Alimentos, combustível e reajuste do salário mínimo são apontados como as causas principais
Há dez anos, Goiânia não vivencia um aumento tão significativo no custo de vida para um mês de janeiro como foi no mês passado. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que mede a inflação oficial no País, variou 0,89% durante o período na capital.
É o maior porcentual de todos os meses de janeiro desde 2003, quando o registro chegou a 2,25%. A justificativa para tamanha variação já é conhecida do consumidor. A alta no valor dos alimentos, o reajuste do salário mínimo e dos combustíveis são os principais responsáveis pelo cenário.
Ontem, O POPULAR havia divulgado que o índice de preços elaborado pela Secretaria de Gestão e Planejamento em Goiânia apontava uma inflação de 1,31% para janeiro. A diferença é devido principalmente às distintas metodologias utilizadas para os cálculos. Enquanto o IPC da Segplan leva em consideração famílias com renda de até cinco salários mínimos, o IPCA do IBGE considera até 40 salários, o que mostra claramente que o impacto do aumento de preços atinge muito mais quem tem menos poder aquisitivo.
Pelo IPCA, o grupo da alimentação subiu, em média, 2,16%, com destaque para tomate (39,33%), batata inglesa (25,55%), repolho (20,18%) e cebola (17,3%). O aumento foi influenciado pela redução da oferta e da qualidade de produtos no mercado, prejudicados pelo excesso de chuvas dos últimos dias. Este cenário deve permanecer enquanto durar o período chuvoso, mas, em compensação, o valor de itens importantes, como feijão, arroz e soja, deve permanecer estável, caso a previsão de safra recorde se concretize, explica o gerente de Estudos Técnicos e Econômicos da Federação da Agricultura (Faeg), Edson Novaes.
Pressão
No grupo de despesas pessoais, o IPCA subiu 1,26% e a maior pressão foi do aumento de empregado doméstico (1,35%), puxado pelo reajuste do salário mínimo, além de itens de lazer, como cinema (2,28%) e excursão (8,71%), inflacionados pelo período de férias.
Segundo o economista Aurélio Troncoso, que coordena o Centro de Pesquisas Econômicas das Faculdades Alfa (Cepem), além de questões sazonais típicas de janeiro que alimentaram a inflação deste ano, existe uma prática no comércio, de reajuste sempre no início do ano, que ajudam a elevar o índice de preços.
“Como existe um processo inflacionário que ocorre durante todo o ano e que corrói o preço dos produtos, os lojistas aproveitam janeiro e fevereiro para recuperar as perdas, aumentando os preços todos de uma vez”, afirma o especialista, que aponta como alternativa a diluição dos reajustes ao longo do ano.
Para o economista, o alto índice de inflação apresentado em janeiro não é preocupante. Ele diz que esse é um movimento natural da economia, em função de uma movimentação maior de dinheiro no País, fruto da elevação da renda das famílias nos últimos anos, que passaram a comer melhor, a consumir mais bens de consumo e a gastar mais. E se o consumo e a moeda estão mais disponíveis, a inflação acaba aumentando, explica.
“A única preocupação que pode surgir é quanto ao endividamento. Se as famílias se endividarem muito a ponto de caírem na inadimplência, o consumo volta a cair, as empresas a produzirem menos e desemprego pode aumentar”, conclui o o economista.
Fonte: Jornal O Popular