Feirão Nome Limpo, Crédito Fácil da CDL, na Estação Goiânia, espera recuperar até R$ 3 milhões
Há quase cinco anos, o pedreiro Rodrigo Manoel dos Santos, 28 anos, está negativado no varejo. Depois de emprestar o crédito para o irmão, seu nome foi parar no Serviço de Proteção ao Crédito – o temido SPC. Nunca soube da pendência, até que, no início deste ano, tentou comprar uma televisão a prazo e descobriu a restrição. O valor da dívida, que em 2009 era de R$ 300, com juros e correções, saltou para R$ 1.230. Ontem, o pedreiro foi à feira de crédito que está sendo realizada na capital, na tentativa de reduzir os encargos e negociar condições, para quitar o débito e limpar o nome.
Assim como Rodrigo, cerca de 10 mil pessoas devem passar pelo Shopping Estação Goiânia até amanhã para regularizar entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões em dívidas pendentes durante o feirão Nome Limpo, Crédito Fácil, promovido desde ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Goiânia. Com os acordos, os consumidores poderão tirar seus nomes da lista de inadimplência e voltar a comprar no crediário já para o Dia das Mães, que é a segunda melhor data em faturamento no comércio (atrás só do Natal).
Essa era a principal preocupação dos varejistas diante do crescimento do número de inadimplentes em abril. Conforme pesquisa da CDL Goiânia, no mês passado, foi verificado um salto de 6% nos números de CPFs negativados no SPC, em comparação com o mesmo período 2013.
“Ao perceberem esse aumento, os lojistas nos pediram para antecipar o feirão, que estava planejado só para o final do ano. Afinal, o Dia das Mães está chegando e o alto índice de inadimplência poderia prejudicar o consumo numa das principais datas para o varejo”, explica o superintendente da CDL, Marco Antonio Milharci.
Segundo Milharci, cerca de 600 mil pessoas em Goiânia têm algum tipo de dívda - desde uma simples parcela da compra de um eletrodoméstico até o financiamento de um imóvel. Isso representa 40% da população economicamente ativa. Desta, entre 7% e 8% estão com os nomes negativados.
Feirão
A grande vantagem do feirão é reunir num só lugar, diversas empresas que estão dispostas a perdoar parte ou, em alguns casos, todo o valor dos juros e multas cobrados sobre a dívida original. Foi essa possibilidade que atraiu a auxiliar administrativa Ana Paula Sena da Silva, 19 anos, para a Estação Goiânia ontem. Ela tem dívidas com duas empresas, num total de quase R$ 1.300, e quer quitá-las à vista.
Por isso, pretende negociar com desconto. “Fiz um consórcio para conseguir o dinheiro e quitar as dívidas. Quero limpar meu nome para financiar minha faculdade pelo Fies”, justifica Ana Paula, que cursa fisioterapia numa instituição particular.
Entre as empresas participantes, a Lojas Avenida espera negociar cerca de R$ 600 mil em débitos atrasados durante a campanha da CDL. O valor médio das dívidas pagas na loja é de R$ 250 (mesma média de todo o feirão). “Nas três lojas de Goiânia, o índice de inadimplência é de cerca de 4,5%”, afirma a coordenadora de cobrança da empresa, Emanuele Aires de Oliveira.
Para participar do feirão, basta que o consumidor vá ao local com os documentos pessoais (RG e CPF). Após passar por uma triagem e pegar senha, ele é direcionado direto para o estande da loja onde está devedor, onde vai negociar o valor e pegar o boleto para pagamento. “Pela lei, o lojista tem até 48 horas após o pagamento da dívida para tirar o nome do consumidor do SPC. Quem pagar aqui no feirão, terá o nome limpo até o final da tarde”, ressalta o superintendente da CDL Goiânia.
Fonte: Jornal O Popular