Entrevistador quer saber de duas coisas: a verdade e respostas concisas e claras. Veja como se comportar nesta nova etapa
Há duas posturas errôneas que costumam ser adotadas pelos profissionais após passarem por um processo de demissão. Os que consideram o ato injusto e se colocam como vítimas tendem a se tornarem maledicentes contra a imagem da empresa. Outros assumem a culpa por completo e entram num processo de depreciação da autoestima a ponto de atrapalhar a conquista de novas oportunidades. Ambas podem se tornar uma barreira durante a entrevista de emprego e o candidato precisa responder sobre os motivos do desligamento do antigo posto.
A verdade é que falar abertamente sobre o fato de ter sido dispensado é encarado como uma saia-justa pela maioria dos candidatos, independente da causa da demissão. Afinal, até que ponto é preciso contar toda a verdade e qual a melhor forma de ser dita? O primeiro ponto a ser observado pelo profissional é que jamais deverá mentir ou inventar uma informação para se sentir mais confortável diante do recrutador, afirma a diretora e consultora da Trato Gestão de Pessoas, Cejana de Siqueira Freitas.
Do contrário, o candidato corre o risco de ser desmascarado e passar por um constrangimento maior, a ponto de perder a vaga pretendida. Cejana comenta que, no geral, com medo de enfrentar ações trabalhistas futuras, as empresas evitam informar a real motivação da dispensa do empregado, seja pela produtividade ou postura adotada no trabalho.
“Geralmente, elas usam a desculpa de que estão fazendo cortes de pessoal, enxugando custos”, comenta. Por isso, é importante que a pessoa faça uma reflexão de como foi a sua passagem pelo emprego e identificar quais os aspectos que precisam ser melhorados. Essa auto avaliação vai ajudá-la a construir uma resposta verdadeira para ser usada na etapa seletiva.
Assumir a responsabilidade da parte que lhe cabe é uma atitude valorizada pelos entrevistadores, ressalta a diretora de projetos da empresa Outliers Careers, Madalena Feliciano. Não é vergonha admitir que eventualmente houve uma queda pessoal de produtividade ou faltou adaptação a uma área específica da antiga empresa que possa ter levado a uma dispensa.
“Mas se foi um problema de relacionamento, uma briga com um colega, não convém entrar em detalhes, muito menos falar mal dos outros. Até porque ele pode ser um ótimo funcionário que passou por um desentendimento pontual e que, por isso, ficou difícil mantê-lo na equipe”, acrescenta Cejana.
Também não é recomendável que o candidato informe excesso de detalhes. É importante responder apenas o que foi perguntado, de forma clara, mas sem estender os fatos do passado. Essa postura pode ser um pouco diferente quando se trata de um candidato a um cargo mais executivo ou gerencial, quando a conversa costuma ser mais aberta.
Em todo o caso, é importante que o profissional esteja ciente de que a maioria das pessoas já passou por algum episódio de demissão e que, a menos que seja por motivos graves, não é uma vergonha falar a respeito. Em caso de dificuldade, ele pode buscar ajuda numa consultoria de carreira.
Fonte: Jornal O Popular