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Em um ano, bancos europeus cortaram quase US$ 100 bi em créditos ao Brasil

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10/12/2012 - 12:57

Os bancos europeus reduzi­ram sua exposição, créditos e empréstimos no Brasil em qua­se US$ 100 bilhões em apenas um ano. Os dados são do Ban­co de Compensações Interna­cionais (BIS), O órgão destaca que a crise na zona do euro tem provocado retração da ati­vidade internacional dos ban­cos da região e uma queda drástica dos empréstimos, mesmo diante da injeção de trilhões de dólares pelos ban­cos centrais dos países ricos.

Para a entidade com sede na Basileia, reformas prometidas não estão sendo realizadas e a ação de socorro dos BCs "tem seus limites". Dados do BIS, por­tanto, explicitam como o siste­ma financeiro ainda não conse­guiu se recuperar e, no caso dos bancos europeus, perdem espa­ço de forma radical pelo mundo.

Às vésperas do colapso do Lehman Brothers, em 2008,78% dos I créditos internacionais concedi­dos ao Brasil vinham da Europa. Hoje, essa taxa caiu para 63%. A relação entre a Europa e o Brasil, porém, é apenas um reflexo de um cenário mais amplo.

Apenas no segundo trimestre de 2012, os bancos de todo o mundo voltaram a fechar suas torneiras e os empréstimos so­freram a segunda maior queda desde 2009. A contração apenas no trimestre foi de US$ 575 bi­lhões, em grande parte por culpa dos bancos de países europeus.

Europa, Japão e Estados Uni­dos apresentaram queda de em­préstimos de US$ 318 bilhões en­tre março e junho, aprofundan­do a redução de US$ 64 bilhões que já havia sido identificada no início do ano. Na zona do euro, a queda foi de US$ 75 bilhões, ante uma redução de mais US$ 187 bi­lhões pelos bancos britânicos.

A exposição de bancos interna­cionais nos mercados do sul da Europa também voltou a cair, em US$ 16 bilhões. Com essa queda de 7%, bancos têm US$ 201 bilhões em créditos na Espa­nha, Itália, Portugal e Grécia. Par­te desses bancos está trocando sua exposição nesses mercados

í por papéis da dívida do setor pú­blico da Alemanha e França. No total, papéis da dívida na Europa já atraíram US$ 1,7 trilhão.

O BIS deixa claro que a injeção de recursos pelos BCs nos merca­dos está apenas dando tempo pa­ra permitir que os bancos façam as reformas necessárias para vol­tarem a atuar com solidez. O pro­blema é que, segundo o BIS, as reformas não estão ocorrendo e bancos continuam sem empres­tar, aprofundando a crise.

Segundo Stephen Cecchetti, economista-chefe do BIS, o siste­ma financeiro está mais seguro hoje e os bancos reconheceram suas perdas. Mas as reformas e a aplicação do acordo da Basileia III ainda estão incompletos. "Sem reformas, economias não voltarão a crescer", diz ele.

Retração, Na avaliação do BIS, um dos fatores que mais chama a

atenção é a retração das atividades internacionais dos bancos europeus, em busca de soluções aos problemas de suas sedes. 1 Apesar de os créditos para emer-; gentes terem se mantido estáveis no segundo trimestre de 20i2? com alta de 0,2% (US$ 6 bilhões), a redução da exposição aos emergentes foi de US$ 128" bilhões. No caso do Leste Euro­peu, a queda foi de 57%. O caso brasileiro é também um dos destaques. Em meados de 2011, os empréstimos e posi­ções de bancos europeus no Bra­sil somavam US$ 416 bilhões. Ao final daquele ano, o volume já ti­nha sido reduzido para US$ 351 bilhões. Agora, os novos núme­ros apontam um total de apenas US$ 322 bilhões. Em um ano, a redução foi de US$ 94 bilhões.

Grande parte desse fenômeno se explica pelos bancos espa­nhóis no Brasil, que ao final do primeiro semestre tinha no País um estoque de participação de US$ 169 bilhões, US$ 20 bilhões a menos que em março de 2012. .Bancos britânicos também redu­ziram suas exposições em US$ 9 bilhões em três meses.

A situação dos bancos euro­peus acabou afetando o resulta­do geral do Brasil. No segundo trimestre do ano, o País regis­trou uma contração de emprésti­mos de US$ 5,5 bilhões, a segun­da maior entre todos os países emergentes e superado apenas pelo Gatar. Rússia, índia, Méxi­co e China registraram no mes­mo período uma forte expansão.

Os números apontam que, des­de 2010, o volume ao Brasil vem caindo. Há dois anos, o País atraiu US$ 83 bilhões em novos créditos. Em 2011, foram US$ 31 bilhões. Parte das atividades dos bancos europeus tem sido substi­tuída por capital nacional e mes­mo por bancos de outras re­giões, instituições americanas, aumentaram sua participação.

Bancos asiáticos também esta­riam tomando o lugar deixado pelos europeus. Um exemplo é a própria Ásia, com a substituição dos empréstimos que antes vi­nham de bancos.da Suíça por ca­pital local. O aumento foi de US$ 613 bilhões entre 2008 e 2012, al­ta de 41%. Mas a participação dos bancos europeus despencou de 27% para apenas 13%.

No caso brasileiro, a expansão da exposição mundial também foi verificada entre 2008 e 2012.

Os estoques de exposição au­mentaram 34%, de US$ 377 bi­lhões para US$ 507 bilhões. Mas, assim como na Ásia, a tendência foi acompanhada por uma margi­nalização dos bancos europeus.

Fonte: O Estado de S. Paulo


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